PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Calma
na tempestade
Os escritores sagrados usam diversos gêneros
literários para nos apresentar a revelação de Deus e sua ação na história.
Entre esses está o gênero apocalíptico,
que significa, um modo cifrado de apresentar a verdade. Para nós parece
incompreensível, mas para os conterrâneos, era uma linguagem comum. Lucas
ensina sobre os acontecimentos do fim, que na realidade são o modo de viver o
presente. Alguns discípulos comentavam sobre a beleza do templo (Lc 21,5). E
Jesus comenta que não ficará pedra sobre pedra e tudo será destruído. Refere-se
à destruição de Jerusalém. E surge a pergunta que também fazemos? “Mestre,
quando, e qual o sinal de que essas coisas estão para acontecer” (7). Jesus não
responde, mas dá a indicação sobre o como os discípulos devem viver sempre:
“Cuidado para não serdes enganados, pois muitos virão em meu nome, dizendo:
‘Sou eu!’ Ou ‘o tempo está próximo!’ Não sigais essa gente”. Há uma sede conhecer
os tempos futuros. Lembremo-nos dos visionários do final do segundo milênio. Havia
um anexim sobre o fim do mundo que dizia: “De mil passará, a dois mil não
chegará!” Chegou, passou e nada mudou. E quantos não estão aí em busca de
profecias, usando inclusive o nome de Jesus e Nossa Senhora. Jesus já explicou
no Evangelho de que só o Pai sabe quando (Mt 24,36). Alguns se dão o direito de
saber mais que Jesus. Não nos interessa o dia. Interressa viver bem. Além do
mais, Jesus fala da convulsão da humanidade, dos elementos físicos, das
desgraças do mundo e coisas pavorosas. Tudo isso tem acontecido desde sempre
que conhecemos o mundo. Vemos então que Jesus não faz descrição do fato, mas
abre-nos à reflexão sobre nossa vida no mundo. Não são ameaças para nós, mas
palavras de incentivo: “É o permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Não
há situação em que seja impossível ser cristão, crendo em Jesus. Ele disse: “Não
os sigais!”. E os preferimos esses que inventam tantas coisas.
Vivendo
nos tempos maus
Jesus anuncia a situação dos
discípulos no mundo: “Antes que estas coisas aconteçam, serei presos e
perseguidos; ... levados diante de reis por causa de meu nome’” (12). “Sereis
entregues até mesmo pelos próprios, parentes e amigos. Eles matarão alguns de
vós. Todos vos odiarão por causa do meu nome” isto é, de mim (16-17). A vida do
cristão não difere da vida de Jesus: como Ele foi rejeitado, serão os cristãos
rejeitados, por crerem e viverem em Jesus. Sua proposta é permanecer firme na fé,
pois “não perderão um só fio de cabelo de sua cabeça. É permanecendo firmes que
irão ganhar a vida” (18-19). Para o cristão não existe o problema de um futuro.
Existe a espera da libertação, como escreve Malaquias: “Para vós, que temeis o
meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo a salvação em suas asas” (3,20).
Trabalho,
força no Reino
Diante desses cataclismos tão pavorosos da natureza,
das nações e da perseguição, Paulo aconselha aos cristãos, pois ele mesmo dá o
exemplo, a trabalhar. O trabalho é uma das dinâmicas do Reino. E acrescenta:
quem não quiser trabalhar, também não deve comer (2Ts 3,10). Diz isso porque
havia gente que, esperando a vida imediata de Jesus, não queria trabalhar.
“Exortamos, a que trabalhando, comam, na tranqüilidade o próprio pão” (12). A
espera de Cristo, deve ser “na fé que opera pelo amor” (Gl 5,6). Reunidos em cada Eucaristia ,
recebemos a força para permanecer firmes na fé e no amor.
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