PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Entre vós não
será assim
O evangelho não
esconde as questões muito humanas que vivem os discípulos no seguimento de
Jesus. Eles próprios vivem o desconhecimento da missão de Jesus mantendo a
mentalidade de um messias político. Todos têm pretensão a um cargo importante
no futuro Reino do Messias. Papa Francisco tem se batido muito contra o
carreirismo na Igreja. É interessante ver como essa imagem do glorioso e do
poder invadem a Igreja. Jesus então dá seu plano
de governo: “Entre vós não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja
vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o
Filho do Hom’em não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
como resgate para muitos” (Mc 10,42-45). Havia dito que
os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam (41). É curioso
como, mesmo diante de palavras tão claras, na Igreja vejo atitudes tão
diferentes. O poder se torna redenção quando a vida é doada no serviço de todos
para que sejam resgatados de um modo de vida mesquinho e sem futuro. O jogo do
poder é um jogo que destrói os outros e a si mesmo. É incrível como a história
da humanidade não passa da glorificação dos tiranos, dos grandes guerreiros que
deixaram atrás de si rios de sangue e lágrimas, como continuamos vendo. O
sofrimento virou notícia juntamente com outras notícias de curiosidade. Mas ali
há um ser humano a ser protegido ou uma natureza a ser preservada.. Não podemos
fazer uma Igreja sem Jesus, como Ele o é e quer. Jesus pergunta aos discípulos
se querem beber o cálice, isto é, passar pela dor da cruz. Estão dispostos, e
realmente passaram pelo batismo de sangue que Ele passou. Jesus resume todo seu
ministério de redenção no serviço. Serviço é dar a vida em redenção.
Capaz de
compreender nossas fraquezas
A Carta aos
Hebreus nos diz que temos um Sumo Sacerdote que estabelece nossas relações com
Deus. Podemos ter confiança. Aqui temos uma das mais belas compreensões da
humanidade de Jesus. Ele é capaz de compadecer-se de nossas fraquezas. Ele é o
Sumo Sacerdote grandioso mas nos entende porque foi provado em tudo como nós,
com exceção do pecado. Ele foi fiel. Ele foi tentado em tudo. Mas venceu. Ele
sabe onde estão nossas dores, nossas fragilidades, nossos desencantos, pois
essa foi sua vida. Nós temos sempre a tendência de ficar com um Jesus
maravilhoso, bonito, todo glorioso por sua ressurreição. Mas nos esquecemos que
a Paixão está Nele. Ele não sofre mais, mas conhece o sofrimento. Não tenhamos
receio de Deus. O texto de Hebreus continua: “Aproximemo-nos com confiança, do
trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançar a graça de um auxílio
oportuno” (Hb 4,16). Se vivermos para servir saberemos
encontrar força para viver.
Vida como
expiação
Mesmo no
sofrimento há esperança, como rezamos no salmo: “No Senhor nós esperamos
confiantes, porque Ele é nosso auxílio e proteção” (Sl
32).
Para entendermos o sentido da expiação, um pagando pelo outro. Jesus pagou por
nós, como nos é explicado. Assumiu nossas dores, carregou nossos pecados. Na
medida em que nos colocamos a serviço dos outros, mesmo com sofrimentos que o
compromisso com os irmãos nos acarreta, estamos contribuindo para que a Vida de
Cristo penetre todos os segmentos da sociedade. Os sofrimentos têm sempre um
caráter de participação do sofrimento de Cristo. Por isso são redentivos e
continuamos a Paixão redentora de Jesus, completando o que falta à Paixão de
Cristo no seu corpo que é a Igreja (xxx).
Leituras:Isaias
53,10-11; Salmo 32;Hebreus 4,14-16; Marcos 10,35-35
1.
Havia
uma situação difícil para Jesus que era a imagem do Messias esperado no que
povo fazia. Esperavam um Messias glorioso e Jesus apresentada o Messias
sofredor. Os discípulos estavam interessados em cargos no futuro governo. Jesus
apresenta sua missão como servidor. Serviço é dar a vida em redenção.
2.
A
Carta aos Hebreus diz do Sumo Sacerdote misericordioso, capaz de compadecer-se
de nossas fraquezas porque passou por elas. Isso nos dá confiança.
3.
Mesmo
no sofrimento há esperança. A expiação é um aspecto da redenção. Significa dar
a vida para que se tenha vida. É colocar-se a serviço, mesmo com sofrimentos.
Assim participamos dos sofrimentos de Cristo.
Serviço sem salário
Os discípulos,
seguindo Jesus, estavam preocupados em encontrar um “carguinho” no futuro Reino
de Jesus. A disputa estava quente. Jesus ensina como conseguir um lugar bom no
futuro Reino: beber do cálice que Jesus vai beber, isto é, passar pelo
sofrimento da Paixão.
E diz quem é
mais importante. É aquele que se faz servidor de todos: “Vós sabeis que os
chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam”. Poder não é para
oprimir os outros. “Mas, entre vós, não deve ser assim. Quem quiser ser grande,
seja vosso servo; quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos”. Ele é o
modelo: “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida como resgate para muitos”.
O salário do discípulo será sempre o
serviço. Aqui compreendemos o que Jesus diz quando ensina que somos servos
inúteis, quer dizer que nosso salário será sempre o direito de poder servir.
Servindo, estamos unidos a Jesus servidor. Esse serviço será sempre redentivo.
Deus nos assume em seu Filho
Jesus, passando pelo sofrimento, “aprendeu a
ser compreensivo com nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós,
com exceção do pecado”. Não tenhamos medo do desapego, do sofrimento pela redenção,
pois é garantida a glória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário