PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Um único amor
Um homem versado nas Escrituras, para testar Jesus, pergunta-lhe qual é
o ponto central de todo o ensinamento. Jesus responde perguntando: “O que está
escrito na Lei?” Ele diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração [...] e a
teu próximo como a ti mesmo” (Dt 4-5; Lv 19,18). Então, completa Jesus, “faze
isso e viverás”. – “Quem é meu próximo?” Pergunta o doutor. Jesus explica com a
parábola do bom Samaritano: Um homem caiu nas mãos dos assaltantes que o
deixaram meio morto. Passa um sacerdote, aquele que tem por missão honrar a
Deus, vê e passa adiante. Passa um homem de Igreja, vê e... Passa o samaritano,
um herege, um pecador. Vê, pára, cuida do homem. Fez o serviço completo. Quem
amou? O que teve compaixão e usou de misericórdia. Partimos da Palavra:
Conhecemos o amor a partir da Palavra de Deus. Ela nos coloca diante da
realidade do amor que é um só e completo quando amamos a Deus e as pessoas com
o mesmo amor. Os dois primeiros homens eram ligados ao culto. Tinham o máximo
da “religião”. Mas culto sem amor é vazio. O amor a Deus passa pelo próximo.
João diz; “Quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não
vê” (1Jo 4,20). Há um só amor, aquele que se dirige a Deus, passando pelo
irmão. E o amor ao irmão deve ser “como todo o teu coração, com toda a tua
alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência”, como a Deus. A
atitude misericordiosa do samaritano faz do herege, que teve compaixão, o
modelo do amor cristão. Esse mandamento não é do passado, pois Deus diz “Este
mandamento que HOJE te dou não é difícil demais [...] Está em teu coração” (Dt
30,11.14). Coração, sede do amor.
Quem é meu próximo
Não existe meu próximo. Existe o próximo de cada um. Jesus muda o
sentido da religião para a realização da fé pelo amor, não só por ritos
litúrgicos e conhecimentos intelectuais. Eu sou próximo de cada pessoa. Não
existem dificuldades para saber quem necessita. Basta ter um olhar sobre o
mundo. Existem muitos homens caídos, como existem muitos passando ao largo. A
religião verdadeira é aquela que tem o amor como sua primeira prática. Aí sim,
o culto de adoração a Deus, a liturgia, vai preencher o mandamento e trazer-nos
a experiência profunda de Deus em Cristo, pois é a Ele que acolhemos em cada
um. Será que nossa fé não perde seu vigor quando não temos o amor e não somos o
próximo de cada homem, de cada necessidade e situação, colocando-os acima de nossos
interesses, mesmo religiosos? É fácil fazer uma religião sem compromisso. Mas
ouviremos a palavra: “Tive fome e não me destes de comer... pois toda vez que
não o fizestes ao menor de meus irmãos, foi a mim que não o fizeste ...” (Mt
25,31-43).
Jesus é o bom samaritano,
Cristo é imagem do Deus invisível, primogênito de toda
criatura, criador com o Pai, cabeça do corpo e reconciliador do universo. Mas é
ícone perfeito do Pai em sua compaixão. Ao descer de sua cavalgadura, o
samaritano é imagem de Jesus que vem ao mundo e desce para curar a criatura
ferida. Quando temos os mesmos sentimentos de Jesus, será ele a agir em nós (Fl
2,5). Veio ser próximo da cada pessoa: “Não se envergonha de chamá-los irmãos”
(Hb 2,11). Jesus se identifica conosco quando nos inclinamos sobre as dores do
mundo presentes em cada pessoa. Jesus, em mim, te ama. Os grandes homens e
mulheres foram os que se perderam pelos outros, fazendo-se tudo para todos. Não
deixemos de lembrar as pastorais que lutam pelas crianças, anciãos, doentes,
encarcerados, lavradores etc...
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