PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
397.
Espiritualidade na devoção aos santos
Na
caminhada espiritual, descobrimos tanta riqueza que são sabemos por onde
começar. Começando por um aspecto, chegamos a todos. Celebrando o ano
litúrgico, como caminho de santidade, temos também os santos. Interessa-nos,
agora, conhecer mais esse aspecto nossa espiritualidade tendo diante de nós
tantas pessoas que nos são apresentadas exemplo para nossa vida, a comunhão que
nos une e a intercessão que nos ajuda (Prefácio da missa dos santos). O culto dos
santos começou cedo na igreja. Já encontramos no Antigo Testamento a memória
dos patriarcas, profetas, homens e mulheres fortes do povo de Deus. Para isso
se leia o capítulo 11 da carta aos Hebreus que mostra a fé dos antigos, como
por exemplo, Abraão, Moisés etc... No N. Testamento Paulo chama os fiéis de
santos (Rm 1,7). Estevão é o primeiro mártir. Os mártires eram lembrados no dia
de seu martírio, como dia de seu nascimento. No séc. II temos a carta sobre o
martírio de Policarpo na qual se diz que se reúnem no dia de sua morte, junto a
sua sepultura, onde tinham guardado suas relíquias, como pérolas preciosas, para
lembrarem sua memória e animarem-se na fé. Os calendários antiqüíssimos trazem
a lista das celebrações dos mártires. No séc. IV já encontramos homilias sobre
esses mártires. Depois dos mártires aparecem aqueles que viveram o evangelho de
modo radical virgens, monges e bispos. Os fiéis é que faziam os santos. Do séc.
X em diante já surge a legislação sobre as canonizações. Em 993, o Papa João XV
canoniza o primeiro santo: S. Ulrico, bispo, morto em 973. A vida desses homens e
mulheres torna-se uma oportunidade de reflexão sobre nossa espiritualidade.
398.
Comunhão dos santos
Celebrando
a liturgia, nós nos deparamos com nomes pessoas antigas e novas apresentados
pela Igreja com o título de santos. Santo é Deus. Nós participamos de sua
santidade. A santidade que a Igreja comemora no ano litúrgico é a mesma de
Cristo e da Igreja. Os santos foram pessoas normais, que viveram com
normalidade o evangelho. A diferença está em que assumiram o Evangelho como
fundamento da vida. Certamente que alguns não são o modo normal das pessoas.
Quem é normal? Os que seguem Jesus com radicalidade ou os que fazem uma vida
longe do Evangelho? A diferença pode estar no tipo próprio de cada um assumir a
vida cristã. Os santos estão unidos a Cristo e, fazem assim, parte da Igreja,
Corpo de Cristo. Continuam unidos a nós, tanto que rezamos “creio na comunhão
dos santos”. Comunhão é a união de todos em Cristo. Podemos
rezar aos santos porque eles são nossos irmãos e vivem conosco a mesma fé. Como
o amor é a energia que nos une, eles rezam por nós. Por isso podemos rezar a
eles e pedir-lhes a intercessão junto de Deus. É a caridade que os move.
399.
Experiência da devoção aos santos
A espiritualidade que busca nos
santos um caminho, tem algo muito interessante: celebrando suas festas nós
participamos de sua alegria e glória junto de Deus. Fazendo memória de Cristo
em seu mistério de redenção, nós vivemos esse mistério. E como os santos estão
também em Cristo, temos sua presença em nossa celebração. As imagens são
simples lembranças, mas a oração traz a presença. Essa presença nos une a eles em Cristo. Assim participamos
de sua vida em Deus, na glória do Céu. Podemos receber a mesma alegria que eles
tem junto de Deus. Podemos perceber isso, quando, fazendo uma festa ou uma
oração, sentimos em nós algo diferente. Esse algo diferente, como uma alegria
maior, uma satisfação interior expressiva, são a prova dessa participação “de
algo diferente”.
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