Evangelho segundo S. Lucas 9,46-50.
Naquele tempo, houve uma discussão entre os discípulos sobre qual deles seria
o maior. Mas Jesus, que lhes conhecia os sentimentos íntimos, tomou uma criança,
colocou-a junto de Si e disse-lhes: «Quem acolher em meu nome uma criança como esta acolhe-Me a
Mim; e quem Me acolher acolhe Aquele que Me enviou. Na verdade, quem for o
mais pequeno entre vós esse é que será o maior». João tomou a palavra e disse: «Mestre, vimos um homem expulsar os demónios em
teu nome e quisemos impedi-lo, porque ele não anda connosco». Mas Jesus respondeu-lhe: «Não lho proibais, pois quem não é contra vós é por
vós».Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo
O Pedagogo, I, 21-24
«Quem
acolher este menino em meu nome, é a mim que acolhe»
«Os seus filhinhos serão levados aos ombros e
consolados ao colo», dizem as Escrituras. «Como à criança a quem a mãe dá
consolo, também Eu vos consolarei» (Is 66,12-13). A mãe chega os filhos a si,
e nós procuramos a nossa mãe, a Igreja. Todo o ser de pouca idade e frágil é,
nessa fragilidade desprotegida, um ser gracioso, doce, encantador; e Deus não
recusa o seu auxílio a seres tão jovens. Todos os pais têm uma ternura
peculiar pelos seus filhos pequenos. […] De igual modo, o Pai de toda a
criação acolhe aqueles que se refugiam junto de Si, regenera-os pelo Espírito
e adopta-os como filhos; conhece a sua doçura e só a eles ama, auxilia,
defende; por isso lhes chama filhos (cf Jo 13,33). O Santo Espírito, falando pela boca de Isaías, aplica ao próprio Senhor o termo «filho»: «Eis que nos nasceu um menino, foi-nos dado um filho» (Is 9,5). Quem é então esta criança, este recém-nascido, à imagem de quem também nós somos crianças? Pela boca do mesmo Profeta, o Espírito descreve-nos a sua grandeza: «Conselheiro admirável, Deus poderoso, Pai eterno, Príncipe da paz» (v. 6). Ó Deus tão grande! Ó menino perfeito! O Filho está no Pai e o Pai está no Filho. Poderia não ser perfeita a educação que nos dá este menino? Ele reúne-nos para nos guiar, a nós que somos seus filhos. O menino estendeu-nos as mãos, e nelas pomos toda a nossa fé. Também João Baptista dá testemunho desta criança: «Eis o cordeiro de Deus», diz-nos (Jo 1,29). Como as Escrituras designam as crianças por cordeiros, chamou «cordeiro de Deus» ao Verbo de Deus que por nós Se fez homem e que em tudo quis ser igual a nós, Ele, que é o Filho de Deus Pai. |
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