Evangelho segundo S. Lucas 7,31-35.
Naquele
tempo, disse Jesus à multidão: «A quem, pois, compararei os homens desta
geração? A quem são semelhantes? Assemelham-se a crianças que, sentadas na
praça, se interpelam umas às outras, dizendo: 'Tocámos flauta para vós, e não
dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes!' Veio João Baptista, que
não come pão nem bebe vinho, e dizeis: 'Está possesso do demónio!' Veio o
Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: 'Aí está um glutão e bebedor de
vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!' Mas a sabedoria foi
justificada por todos os seus filhos.»
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor
da Igreja
Grandes Regras monásticas, Prólogo
Até quando deixaremos de obedecer a Cristo,
que nos chama para o seu Reino celeste? Até quando deixaremos de nos purificar?
Nos não decidiremos a abandonar o nosso género habitual de vida, para seguir a
fundo o Evangelho? Afirmamos desejar o Reino de Deus, mas não nos preocupamos
excessivamente com os meios para o alcançar.
Pelo contrário, não nos
preocupando minimamente com a observância dos mandamentos do Senhor, estamos
convencidos, na vaidade do nosso espírito, de que somos dignos de receber a
mesma recompensa que recebem aqueles que resistiram ao pecado até à morte. Mas
quem é o homem que, tendo-se deitado em sua casa a dormir no tempo da
sementeira, pode recolher braços cheios de espigas no tempo da colheita? Quem
poderá fazer a vindima sem ter plantado e cultivado a vinha? Os frutos são para
aqueles que trabalharam; as recompensas e as coroas, para aqueles que venceram.
Foi jamais coroado atleta algum que não se tenha sequer despido para combater o
adversário? E nem sequer basta vencer, é também necessário «lutar segundo as
regras» (2Tim 2,5), como diz o apóstolo Paulo, isto é, segundo os mandamentos
que nos foram dados.
Deus é bom, mas também é justo: o Senhor «ama a
equidade e a justiça» (Sl 32,5); por isso, «celebrarei o amor e a justiça: para
Vós, Senhor, hei-de cantar» (Sl 100,1). Vê com que discernimento usa o Senhor de
misericórdia. Não é misericordioso sem examinar, como não julga sem piedade,
porque «o Senhor é bondoso e previdente, o nosso Deus é misericordioso» (Sl
114,5). Não tenhamos, pois, uma ideia truncada de Deus; o seu amor por nós não
deve ser um pretexto para sermos negligentes.
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