PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A liturgia da Páscoa formou-se a
partir da celebração do Batismo que se realizava, inicialmente, somente no dia
da Páscoa. A realização do sacramento recebia influências dos mistérios gregos.
Estes eram rituais de iniciação nos cultos de determinados deuses. Consistiam
esses ritos em reconstituir na pessoa o que se passou com o deus. Desse modo, o
catecúmeno, que se preparara para o batismo, realizava ritos e símbolos que o
introduziam na vida de Cristo através de sua morte e ressurreição. São Paulo
escreve: Vós que fostes sepultados com Cristo, ressurgistes para uma vida nova
(Rm 6,4). No ritual batismo o batizando era mergulhado na água que significa a
morte com Cristo que fora sepultado. Ao sair das águas era ressuscitado com
Cristo. Acontecia a morte de todo o pecado e era infundida a graça com o
Espírito Santo que animara o corpo de Jesus morto. O que acontecia em símbolos exteriormente,
acontecia interiormente na pessoa, pela graça sacramental. Era o momento
fundamental da vida do cristão. A partir daí o neófito (novo ilumina do)
entrava na comunidade para celebrar a Eucaristia, participando integralmente da
vida da comunidade. Desse momento em diante ele é uma nova criatura, pois
nasceu de novo. O Batismo é a porta da fé e fonte de toda a vida cristã. Os
sacramentos aprofundam a vida cristã, vivendo as conseqüências dessa sepultura
e ressurreição em Cristo.
371. A vida
continua, mas é diferente
“Vós nascestes de novo e vos revestistes de Cristo, buscai a vida do
alto” (Cl 3,1). Revestir-se não significa algo exterior, mas toca a
profundidade do ser humano, tanto em sua identidade, como em suas atitudes.
Estar em Cristo é ser uma nova criatura. Essa novidade de vida propõe uma
novidade de modo de agir. O código de procedimento do cristão baseia-se no
exemplo de Jesus e em seu mandamento, que na realidade é a síntese de sua vida.
O cristão vai ser necessariamente, diferente. Não estranho, mas luminoso sinal
do Cristo Ressuscitado. Cada cristão espelha Jesus vivo. Quem quer ver como era
Jesus, olhe o cristão. A responsabilidade é muito grande. Nosso mau testemunho
é pior que a vida “perdida” de muitos. Nós conhecemos o caminho. Somos
convocados a percorrê-lo.
372. Uma
vida a participar
É
bonito ver nos evangelhos, a sede que os discípulos sentiam de comunicar que
Ele estava vivo, não mais morto. Foi uma correria espetacular. As mulheres vão
ao túmulo e não o encontram. Correm aos apóstolos que correm ao túmulo. Não
podemos imaginar o que terá significado para eles a Ressurreição, tanto no
aspecto humano, como na fé. As pregações que os apóstolos faziam estavam
impregnadas da presença do Ressuscitado. Os chefes do povo ficavam admirados de
ver a fortaleza e sabedoria desses homens que eles próprios sabiam ser rudes e
sem conhecimento. A fé na Ressurreição leva-os a anunciar que Ele está vivo e
Deus o Constituiu Senhor e Cristo. Cristo era para eles a alegria total, pois,
mesmo maltratados sentiam-se felizes por sofrerem afrontas por Ele. Essa vida
foi dada para ser participada. Ninguém está excluído. Tiveram ousadias
tremendas, como por exemplo, passar por cima da Lei Judaica e participarem da
vida dos pagãos. Foram capazes de abandonar as tradições dos antigos e iniciar
um novo modo de ser. Paulo pagou caro por isso. Mas foi forte ao afirmar que os
pagãos tinham o mesmo direito de receberem o Evangelho. Pedro chega a dizer que
não podemos impor aos pagãos um jugo (as leis da tradição) que nem nós podemos
carregar. Assim levaram tantos outros a participar dessa vida. Os pagãos se
alegraram por terem sido, também eles, acolhidos como cristãos.
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