PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1612.
O Reino que nos chama
Continuamos as reflexões sobre a Exortação
Apostólica “Alegria do Evangelho” de Papa Francisco que nos abrem as riquezas
do Evangelho. Este vai além de um livro que serve para fazer boas citações. O
anúncio evangelizador não é a fundação de uma religião, mas a renovação para
que Deus seja tudo em todos (1Cor 15,28) e faça um mundo para todos. A fé é uma força
renovadora do coração e a partir dele, das estruturas para a vida nova e plena
a cada um. Vai além de um sentimento religioso passando para um sentir
religioso que envolve a pessoa humana completa. Papa Francisco, ao desenvolver
o tema do Reino diz que “a proposta do Evangelho não consiste só numa relação
pessoal com Deus. E nossa resposta de amor também não deveria ser entendida
como uma mera soma de pequenos gestos pessoais a favor de alguns indivíduos...
para tranqüilizar a consciência”. Então explica: “A proposta é o Reino de Deus (Lc 4,43). Trata-se de
amar a Deus que reina no mundo. O reinado de Cristo se torna realidade, explica
o Papa, na medida em que Ele consegue reinar entre nós, a vida social será um
espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos” (EG 180). O anúncio e
a experiência cristã têm conseqüências sociais. A força diabólica é um empenho
de tirar a presença do Reino de Deus das estruturas sociais e levá-lo somente
para o íntimo, para a piedade pessoal e sanar nossas preocupações. Os
resultados se podem ver: guerras, corrupção, violência, imoralidade etc... de
tantos modos. É lógico que os pregadores dessa verdade e os que procuram
construir um mundo novo, sempre serão perseguidos e mortos, como podemos ler no
Apocalipse (Ap 10,11).
A razão é porque o Reino destrói as forças do mal que dominam os bens
materiais, o poder e o prazer. Tudo isso é bom, se é para o Reino.
1613.
O Reino cresce entre nós
Aos que querem um cristianismo
intimista, e há muito entre nós, Papa Francisco cita o Papa Paulo VI (O Anúncio do Evangelho – 08.
12.75 –nº 29): “Sabemos que a evangelização não seria completa, se ela
não tomasse em consideração a interpelação recíproca que se fazem
constantemente o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social dos homens”. O
Reino cresce não aumentando o número dos fiéis da Igreja, mas conduzindo todas
as realidades a Cristo e seu Evangelho. Todos os aspectos da vida, isto é, toda
a criação (Rm 8,19),
sejam impregnados da vida plena para todos. “O mandato da caridade alcança
todas as dimensões da existência, todas as pessoas, todos os ambientes da
convivência dos povos. Nada do humano pode lhe parecer estranho” (EG 182). Por isso, a
dificuldade da Igreja em lidar com o que é humano é sinal que não entendeu o
Reino de Deus nem realiza sua missão.
1614.Caminhos
da Igreja
A
Igreja é anunciadora do Reino, mas ela não esgota sua energia. “Os ensinamentos
da Igreja no campo social não podem ficar em generalidades que não interpelem
as pessoas”. É preciso tirar as consequências práticas. Sabemos que seu ensinamento
exige a contribuição das ciências, mas a Igreja tem direito e dever de exprimir
sua opinião sobre tudo o que diz respeito ao homem, pois a evangelização
implica e exige a promoção integral de cada ser humano (EG 182). A
religião não pode limitar ao âmbito privado e serve apenas para preparar as
almas para o Céu. Os que se julgam donos do mundo sabem denegrir a Igreja em
proveito próprio porque o Evangelho questiona a exploração que exercem sobre os
humildes e como não vivem a partir da fé, querem destruí-la.
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