PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
394. Um tempo mais que comum
Na liturgia há um
tempo em que não há um acontecimento da vida de Cristo a ser celebrado, mas o
cotidiano no qual o tempo é santificado pelo mistério de Cristo. Esse mistério é
sua encarnação, morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito Santo.
Celebramos o dia-a-dia da vida de Jesus. É para nós o momento de entrar em
contato com o mistério, aprofundar o conhecimento e celebrá-lo na sagrada
liturgia. Cada celebração é uma irrupção de Deus na vida da comunidade e na
vida pessoal de cada um. Há tempos em que não temos festas que lembram fatos da
História da Salvação. Restam, no calendário 34 semanas que chamamos Tempo
Ordinário. Uma parte menor dessas semanas vem antes da Quaresma e a outra,
maior, segue a festa de Pentecostes até o Advento. Não se celebra um
acontecimento, mas toda a vida de Cristo em sua globalidade. A semana é
dirigida pelo domingo. Desse falaremos depois. Ele é um dos gonzos da
espiritualidade litúrgica que acompanha nossa vida. Temos três ciclos (A.B.C),
o que enriquece muito a vida cristã pela leitura abundante que tem das
Escrituras. Nesse período temos festas que se referem aos dogmas ou devoções,
como também festas de N.Senhora e dos Santos, dos quais falaremos também. Não
podemos considerar o calendário como um correr de dias, mas cada dia como um
tempo de salvação. Não são metas a cumprir, mas mistério a acolher. Não só os
domingos são característicos, mas há dias da semana que possuem sua
característica, como sexta-feira, como penitencial; sábado marianos e outros.
395. Celebrar o mistério de
Cristo
Assim, gota a
gota, recebemos, através do evangelho, o mistério de Cristo. Não são semanas
sem conteúdo, como que vazias. Ao contrário, celebramos a normalidade
evangélica das palavras de Jesus, de seus gestos e seus ensinamentos. Assumir
este mistério de Cristo no tempo ordinário significa levar a sério o ser
discípulo, escutar e seguir o mestre no cotidiano, mostrando que cada momento é
momento de salvação. A espiritualidade litúrgica vai nos alimentar como em
nossas refeições. Parece que é sempre a mesma coisa, mas é sempre uma vida nova
que nos é dada. A riqueza do tempo comum está no fato que cada dia é uma
síntese de todo o mistério de Cristo. Noite e dia se enchem das memórias de
Cristo e são para nós o momento de contato com Ele que está vivo e presente no
meio de nós. Participar significa unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo
mundo.
396. Aqueles homens e mulheres
No
tempo comum celebramos os santos e de modo particular a Virgem Maria, Mãe de
Deus e nossa. Qual é o sentido dessas celebrações? Fazemos memória dos santos
que, seguindo Cristo Jesus e, incorporados a ele pelo batismo, viveram sob ação
do Espírito Santo. Sua santidade é a mesma de Cristo que continua no tempo e se
faz testemunho nas pessoas que viveram o evangelho de modo eminente. Nós nos
unimos a esses nossos irmãos e irmãs animando-nos a viver a mesma vida,
contando com sua intercessão e realizando em nós o mesmo caminho de redenção
que viveram. Aqueles homens e mulheres que chamamos de santos são como nós. Não
se trata de uma espiritualidade devocional. Eles são testemunhos da presença de
Cristo em cada um, unidos a sua Vida e Páscoa. Unidos ao mistério pascal de
Cristo, participam de sua glória. Maria viveu de modo eminente o caminho
palmilhado por Jesus dia e noite.
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