PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
388. Movidos
pelo Espírito
Para compreender o que acontece
conosco na vida espiritual, temos que ver como acontecia em Jesus. Ele mesmo
afirma: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6), “Se alguém me quiser
servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo” (Jo 12,26). A
união a Jesus, mesmo na fragilidade, leva-nos a agir como agiu. Na última Ceia
afirma: “Eu vos dei exemplo, para que façais como eu fiz” (Jo 13.15). Seu modo
de viver era modelado pela ação do Espírito Santo. Ele “era conduzido pelo
Espírito” (Mc 1,12) em toda sua vida. Essa sua maneira de ser e viver
manifestava sua vida de união com o Pai e o Espírito. Não só uma união de boa
vontade, mas de vida. Esse mútuo acolhimento e entrega, existentes na Trindade,
Jesus o realiza também no relacionamento com as pessoas que encontra. Não se
trata somente de uma atitude de educação e afeto, mas é o próprio modo de ser
de Deus. Ser movido pelo Espírito é manifestar o divino acolhimento cheio da
Misericórdia, pois esta é a Vida de Deus (Ex. 34,6-7). Participamos dessa Vida
a partir do Batismo, como escreve Pedro: “somos participantes da Natureza
Divina” (2Pd 1,4), comunicada a nós pelo Espírito. Em certo sentido podemos
dizer que somos uma continuação do Espírito. Movidos por Ele, nós O continuamos
através de nossa ação.
389.Espírito
de reconciliação e paz
O dom que recebemos é uma missão. Na
tarde do primeiro dia da Páscoa, Jesus entrega-nos o Espírito: “Recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados”
(Jo 20,22). Não se trata somente de uma ordem para uma confissão em voz baixa
em um confessionário, mas um anúncio que deve ser feito no alto dos telhados (Mt
10,27); Trata-se de proclamar a reconciliação. A ação básica do Espírito em nós
é a reconciliação com Deus e a conseqüente atitude de provocar a reconciliação
nos corações, entre os corações e onde se planta o coração. Nesse campo lavrado
nasce o mundo de Deus, que chamamos Reino. Quanto sonho de paz a humanidade
alimentou em todos os séculos! Sonhos que mesmo tantos que crêem em Jesus não
ousaram sonhar. A ação do Espírito, como podemos ler em Isaias 2,4-5. 58,1-14, que
promete a mudança das armas em instrumentos de produzir alimento e a vida
coerente; no discurso de Jesus em Nazaré no qual anuncia sua missão de
reconciliação a partir da atenção aos necessitados (Lc 4,16-21). A ação do
Espírito supõe atitudes concretas. A Igreja vai ser realmente útil ao mundo,
quando anunciar o Evangelho como justiça e paz no Espírito Santo: “O Reino de
Deus não consiste em comida e bebida, mas na justiça, na paz, e na alegria no
Espírito Santo” (Rm 14,17).
390. Busca
de uma língua comum.
Como pudemos ler no episódio da torre de Babel (Gn 11,1-9),
houve uma confusão de línguas. Ninguém se entendia mais por causa do orgulho.
Com isso houve a dispersão sobre a terra. Certamente o autor quer colocar a
diversidade de línguas como fruto de um pecado de orgulho, continuação do pecado
de Adão. Mas, em Pentecostes nós temos a compreensão da diversidade das
línguas, como fruto da ação do Espírito, quando todos entendiam os apóstolos,
mesmo sendo de línguas diferentes. A linguagem do evangelho é comum a todos.
Todos podem falar e entender a língua do Espírito que é o amor. Podemos ler de
Paulo (1Cor 13,1-13) que o amor, a caridade, vale acima de tudo. É a única que
vai permanecer mesmo depois da vida. O amor é a língua comum também entre os
anjos e bem-aventurados do Céu com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
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