PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1594. Anunciar é preciso
Entramos na temática da homilia,
isto é, a pregação na celebração. É bom também para podermos refletir nas
comunidades, junto com nossos bispos, padres, diáconos e ministros da Palavra
sobre esse modo privilegiado de anunciar. Podemos estabelecer um diálogo entre
o pastor e sua comunidade. Temos uma missão e um compromisso de fazê-la sempre
melhor. Como a ação do Espírito é multiforme, a homilia é um momento de sua
manifestação. Ela realiza a missão que foi dada por Jesus no momento da
Ascensão: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). É Jesus que
continua falando a seu povo, em particular a seus discípulos. A homilia é o
momento privilegiado de anunciar. “A homilia, diz Papa Francisco, pode ser uma
experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra,
uma fonte constante de renovação e crescimento. O que toca os corações não são
as palavras que mais atraem, mas o
Espírito que move os corações” (EG 135). O Senhor chega aos corações através da pregação. Com a
palavra Jesus tocava os corações que ficavam maravilhados. Pela pregação muitos
vieram para o seio da Igreja. O vigor da palavra anunciada é o mesmo que havia
quando anunciada por Jesus, pois Ele entregou sua missão aos discípulos com
toda autoridade: “Toda autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue” (Mt 28,18).
1595. A homilia, parte da
celebração
A homilia tem
força sacramental, pois está unida ao sacramento da Eucaristia que é um todo.
Não podemos dizer que a homilia seja uma interrupção da celebração para ser
explicado o evangelho. Ela, a homilia, é como uma continuação do Evangelho. É
um diálogo com Deus. Proclamada a Palavra, o Senhor estabelece o diálogo com
seu povo, continuando todos os diálogos que estabeleceu durante a história da
Salvação. É missão daquele que prega conhecer o coração de sua comunidade e
identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus (EG 137). Sabemos que tem sido um
grande desafio. Infelizmente a pregação é sempre um sacrifício para quem a faz
e para quem a ouve. Até se diz que a parte do sacrifício da missa está no
momento da pregação. Por isso é preciso reconhecer seu valor para que seja
sempre bem aproveitada. Ela é acompanhada da ação do Espírito Santo que abre os
corações. Realmente está unida à entrega do Filho ao Pai, pois a Palavra tem a
finalidade de anunciar quem nos redimiu por sua morte e ressurreição. A homilia
reparte o Pão da Palavra como a Eucaristia reparte o Pão da Vida.
1596. Características próprias
A homilia não é o sermão clássico,
não é conferência nem um discurso. Como parte da celebração, tem que ter
equilíbrio com as demais partes. Não seja longa que abafe a celebração, nem
curta demais que seja um aviso. Assim escreve Papa Francisco: “Quando a
pregação se realiza no contexto da liturgia, incorpora-se como parte da oferenda
que se entrega ao Pai e como mediação da graça que Cristo derrama na celebração”
(EG 138). A
diferença da homilia é sua função de encaminhar a comunidade a buscar o Pão da
Vida, depois de ter se alimentado com o pão da Palavra. Por isso é necessário
sempre fazer a passagem da mesa da Palavra para a mesa do Pão. Como a homilia é
alimento da comunidade, deve também dar repostas a seus questionamentos. Para
isso, como ensina Papa Francisco, há necessidade de o pastor ter cheiro de
ovelhas, isto é, estar em diálogo permanente com elas. Estamos diante de duas
realidades, a de Deus e a do povo.
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