Todos
os cristãos estão unidos entre si e a Cristo formando o “Corpo Místico de
Cristo”. Participam assim de Sua vida, missão e santidade. A vida desse Corpo é
essencialmente sacerdotal: voltada para Deus e para os irmãos. A carta aos
Hebreus relata que todo o sacerdote é tirado do meio dos homens, constituído em
favor dos homens em suas relações com Deus (Hb 5,1). Inserir-se em Cristo é fazer
da própria vida um sacerdócio santo. O que somos e fazemos entra como oferta a
Deus. É seu sacrifício espiritual. Estamos habituados a ver a santidade só no
aspecto sacramental onde os sacerdotes atuam. Essa santidade é mais ampla. Pedro,
em sua carta escreve: “Chegai-vos para Ele, a pedra viva (...) do mesmo modo,
também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual,
dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pd 2,4-5). Esses sacrifícios espirituais
são a vida do cristão em suas atividades humanas ou espirituais, nas quais,
fazendo o bem, construindo o mundo de Deus e praticando as virtudes continuam a
vida e a missão de Cristo. O sacerdócio dos padres tem, entre suas funções,
promover e suscitar nos cristãos a consciência desse dom e seu exercício. A
Igreja parece que tem medo de dizer ao cristão que ele é sacerdote com Cristo.
Habituou-se de tal modo com a visão do ministério sacerdotal dos ordenados que
se esqueceu o outro que é igualmente importante. O ministério sacerdotal está a
serviço do sacerdócio dos fiéis, do qual fazem parte. Santo Agostinho diz: “Convosco
sou cristão, para vós sou bispo”. Temos que aprender sobre isso, mesmo que seja
difícil.
344. Fundados nos sacramentos
Não
nos despertamos ainda para a santidade do povo de Deus proveniente dos
sacramentos. Os documentos da Igreja manifestam claramente essa idéia “A índole
sagrada e organicamente estruturada da
comunidade sacerdotal efetiva-se tanto através dos Sacramentos, com através
do exercício das virtudes. Incorporados à Igreja pelo Batismo, os fiéis são
delegados ao culto da religião cristã em virtude do caráter, e, regenerados
para serem filhos de Deus, são obrigados a professar diante dos homens a fé que
receberam de Deus pela Igreja”. Pela Crisma são testemunhas; pela Eucaristia
oferecem a Deus a Vítima Divina e com elas si mesmos e exercem na ação litúrgica
a parte que lhe é própria; pelo Matrimônio participam do mistério e significam a
unidade de Cristo e a Igreja santificando-se um ao outro (Lumen Gentium 11):
345. Vida e ação no mundo
O
sacerdócio cristão não se realiza só dentro da Igreja, mas também no meio do
mundo através da prática das virtudes cristãs, como também de sua vida nas realidades
humanas e terrenas. O trabalho e a participação dos diversos setores da
sociedade são o lugar do exercício desse sacerdócio. Imaginemos o homem do
campo que trabalha a criação, um professor numa sala de aula, um político nos
parlamentos, uma mãe em sua casa, um cientista em sua pesquisa. Jesus dissera
ao endemoniado que curara: “Volta para tua casa e conta tudo o que Deus fez por
ti” (Lc 8,39). Não podemos dar ao povo cristão uma casca de evangelização.
Podemos notar que o ateísmo que há em muitos paises provém de uma evangelização
que se preocupou com exterioridades e não penetrou o coração. Com isso, quando
as realidades mudam, essa fé superficial vai junto. Isso já estão acontecendo
entre nós com riscos de chegarmos, nós mesmos, à mesma situação.
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