Iniciamos o Tempo Comum. São 34 domingos que compõem esse tempo
importante do ano litúrgico. Não celebramos uma festa específica de Cristo,
como Natal ou Páscoa, mas celebramos o mistério de Cristo em sua totalidade,
acompanhando seu caminho desde o Batismo até sua ida ao Pai. Lemos os 3
evangelistas no arco de 3 anos, intercalados por João. O segundo domingo desse
ano litúrgico está na linha da manifestação do Senhor juntamente com Natal,
Epifania e Batismo. No ano C lemos o evangelho de Lucas, mas neste 2º domingo
temos a leitura do evangelho de João narrando as bodas de Caná. Nela há um
milagre que mostra a “Glória” e uma profissão de fé dos discípulos nessa
manifestação do Senhor: “Esse foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou
em Cana e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nEle” (Jo 2,11). O
evangelho das bodas de Caná é repleto de símbolos. A própria festa do casamento
é o primeiro símbolo que João coloca: Deus celebra as bodas de seu Filho com
seu povo, como lemos também na leitura de Isaias 62,4: “O Senhor agradou-se de
ti e tua terra será desposada”. Jesus é o esposo. Como o jovem esposo, um tanto
pobre a ponto de não ter o vinho suficiente, Jesus tem um minguado grupo de
discípulos. A comunidade é frágil, mas tem a taça do vinho novo, o sangue da
redenção que manifesta a glória de Deus e sustenta a fé dos discípulos. Essa fé
veio da água do batismo, como aquela água que era para a purificação e agora
foi transformada em vinho bom (N.Testamento), superior ao que era bebido até
então na história do povo de Deus (A.Testamento). Para aquele punhadinho de
gente, é servido o bom vinho. É a inauguração do Reino, da glória e da fé. É o
início da nova comunidade. A partir daí os discípulos bebem a taça de vinho
abundante que jorra dos lábios de Jesus e depois vai jorrar de seu lado e
também será oferecido em cada
Eucaristia. Jesus diz apenas: ‘levai ao
mestre-sala”. Agora o anfitrião é Jesus, o Esposo que serve.
Seus discípulos creram nEle
Maria fora convidada. Era próxima da família. E também Jesus e seus
discípulos foram convidados. Maria diz: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). A resposta
de Jesus parece dura: “Mulher, que interessa a mim e a ti? Minha hora anda não
chegou” (4). Para o semita a expressão significa, mal traduzindo: “Já existiu
algum desacordo entre nós?” A atitude de Maria leva a entender o positivo, pois
diz aos serventes “fazei tudo o que Ele vos disser” (5). Jesus usa o termo mulher,
A Mulher, a Senhora, a Rainha Mãe, a que dava a raça do povo ao filho rei. É a
mesma Mulher que, no Calvário, ao dar o Espírito, o Sangue e a Água recebe uma
missão de ser Mãe sempre em parto, a Igreja: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo
19,26). Pela Mãe chega a HORA de Jesus, o momento de Deus manifestar a salvação.
Os discípulos creram nele e ficaram ébrios do vinho bom que é a fé em Jesus.
O vinho do Espírito
O
Espírito continua a festa de casamento de Caná, distribuindo o vinho novo das
riquezas de Deus que são seus dons. Há diversidade na riqueza do Espírito: há
diversidade de dons, de ministérios, de atividades. Mas é o mesmo Espírito que
realiza todas as coisas. Paulo nessa primeira carta aos Coríntios 12,4-11,
acentua que todas essas coisas as realiza um só e o mesmo Espírito, que
distribui a cada um conforme quer”. A manifestação da glória de Deus que leva à
fé passa pelo serviço à comunidade, como o fez Maria que se preocupa que
ninguém sofra e que todos vivam sempre na festa do novo Reino.
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