PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Deixai-vos
reconciliar com Deus
Nesse tempo de Quaresma continuamos
a ouvir o chamado à conversão para a reconciliação com Deus. Jesus realiza essa
reconciliação “fazendo-se pecado por nós, para que nEle nós nos tornássemos
justiça de Deus” . A reconciliação nos une à santidade de Deus. Lucas, o
evangelista da misericórdia e do amor do Pai, conta-nos a parábola do filho
pródigo, ou melhor, do pai misericordioso. Essa parábola é uma resposta aos
fariseus que criticavam Jesus por Ele acolher os publicanos e os pecadores e
fazer refeições com eles (Lc 15,2), pois eles vinham a Jesus para escutá-lo. A compreensão
da parábola é a chamada de atenção ao filho mais velho (simbolizando os
fariseus) que recusa o irmão que volta (os publicanos e pecadores). Essa imagem
magnífica do filho que sai de casa, de todo o conforto e convivência, para
partir para o vazio de uma vida fácil e depois, sentir a desgraça de miséria e
da fome. Nessa situação ele pensa na casa do pai, cai em si e vê o erro que
cometeu. Decide-se voltar, ao menos para ter comida. Não se sente merecedor da
convivência na casa paterna. O evangelista descreve a situação de pecado e o
mal que ele nos faz. O convite a deixar-se reconciliar, dirige-se a nós que
temos receio de não sermos merecedores do perdão. Junto a isso podemos ver em
nossa atividade muitas pessoas que vivem afastadas, são inimigas da fé, até
escandalosas e que vivem uma situação difícil de afastamento de Deus. O convite
é dirigido a todos. Ao chegar à comunidade recebem de muitos e mesmo das
estruturas da Igreja, ressalvas e dificuldades para encontrar o perdão e a
misericórdia. Essa atitude do irmão mais velho é a de cada um que recusa
acolher os que querem a reconciliação.
O pai misericordioso
Lucas
é o evangelista da misericórdia do Pai. Mostrou-nos o filho errado, o irmão que
recusa e agora, o Pai que acolhe. Em nenhum momento o pai “deserdou” o filho
que tinha lhe causado tanta dor. Aquela estrada que chegava a sua casa já
estava batida pelos olhos do pai que buscava o filho chegando. Um dia ele veio.
“Será ele?” E era! É curioso que esse evangelho não tem mãe. Na verdade não
quer resolver um problema familiar mas, mostrar a atitude do Pai do Céu. O pai
sente compaixão, corre, abraça, beija, manda colocar a melhor túnica, anel no
dedo, sandálias nos pés, buscar um novilho e começar a festa. Todo o amor lhe é
dado. Anel que refaz a aliança, sandálias que lhe restituem a filiação. Ele não
é um escravo mas filho. O Filho, tido como morto e tornado à vida, estava
perdido e foi reencontrado. Em oposição, figura dos fariseus, o filho mais
velho recusa o irmão. Nos muitos anos que vivia com o pai, não percebeu que era
filho e possuía tudo. Jesus é a imagem do Pai que acolhe e quer que façamos o
mesmo. Há muito a mudar na Igreja para que os “pecadores” encontrem a acolhida.
Uma terra e um lar garantidos.
A
casa do pai é o símbolo da Igreja, da vida de Deus da qual participamos. Na
leitura de Josué lemos que o povo entrou na terra e comeu os frutos da terra
que Deus lhes dera. É-nos garantida uma vida divina a partir da reconciliação.
Vivemos por dom e, a partir daí por direito, na casa do Pai. O versículo do
salmo reza: “Provai e vede quão suave é o Senhor”. Esse domingo é da alegria
pascal que se anuncia. A Páscoa bem celebrada na reconciliação, traz-nos toda a
alegria de Deus para nossos corações e para nossa vida de comunidade. Por isso,
alegremo-nos com toda a misericórdia que o Filho nos garantiu com sua morte e
ressurreição. Quaresma é tempo de acolher.
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