Jesus continua instruindo seus discípulos.
Estão chegando ao fim as últimas instruções. A oferta da viúva é como a
conclusão de seu ensinamento. Depois, no capítulo 13, temos o discurso
escatológico e a seguir a Paixão. Jesus ensina que os verdadeiros valores estão
no coração e não somente em atitudes exteriores. É do coração que nascem as
boas intenções e as decisões. Jesus está diante do cofre das coletas para o tesouro.
Observa os ricos generosos colocando grandes somas. Vê também a viúva que põe duas
moedinhas, um quadrante. Corresponde 1/40 do pagamento de um dia de um
assalariado. Quem sabe pudéssemos dizer, uma moeda de um centavo. A que serve
isso? Note-se que tesouro está a a explicar que ela deu todo seu tesouro. Ou,
ali ela comprou todo o tesouro. Jesus dissera: “Onde estiver o teu tesouro aí
estará o teu coração” (Lc 12,34). O tesouro dela estava em Deus. O gesto significa
que, através do único que possuía, faz uma entrega total de si a Deus. Por que
bem uma viúva? Era a última da sociedade. Ela não recebia nada do que era de
seu marido e era jogada na miséria. Por isso, diz Tiago que “a religião pura e
imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas
suas necessidades” (Tg 1,27). Ela deu tudo o que tinha para viver. Ela deu a
vida. Deus quer o discípulo não o que sobra dele, mas o que ele é, sua pessoa. Deus
quer ser o tudo e que se confie a Ele totalmente. Jesus não recusa a caridade
dos pobres. Eles se dão ao Senhor. Por isso não lhes falta. Pedimos muito
dinheiro e achamos difícil dá-lo. Claro que a Igreja pode pedir, mas tem que
abrir os cofres para eles, pois as riquezas da Igreja são dos pobres, o bispo e
o padre são administradores dos bens dos pobres, dizia S. Afonso. Com a
moedinha ela comprou o Reino. Os outros deram o que lhes sobrava. Deus quer a nós.
A
farinha não faltará
O profeta Elias, numa região fora de
Israel (Sidônia – Libano) pede comida a uma viúva. Essa se declara no limite da
vida. Pobreza total. Ela ia preparar a última refeição e depois, com o filho, esperar
a morte. O profeta promete que nem a farinha nem o óleo acabarão até que venham
as chuvas. Foi uma seca de 3 anos e meio. A confiança do profeta é total. A
certeza do bom resultado da entrega total da caridade do pobre é garantida. A
confiança fortalece em nós a abertura para a confiança total em Deus. Recusamos a nos
entregar, por isso não possuímos nem a Deus nem a nós mesmos. O pobre confiou
em Deus e foi ouvido. A fé dá garantia. Jesus proclama: felizes os pobres,
porque deles é o Reino.
Uma
vez por todas
No Antigo Testamento, o sumo
sacerdote entrava no santuário (lugar totalmente reservado a Deus), para fazer
a oferta do sangue do sacrifício para o perdão dos pecados. Cada ano! A carta
aos Hebreus explica que Cristo entrou uma vez por todas no Santo dos Santos
através de seu sangue. Por que uma vez por todas? Porque se entregou
totalmente, como a viúva com sua oferta. Deu-se totalmente a Deus para perdão
dos pecados. Não temos mais o que esperar de Cristo por nós. Ele já fez tudo.
Basta confiar e se entregar a Ele. Toda a vida cristã será consistente ou não,
de acordo com nossa capacidade de nos entregar a Deus e assumir seu caminho. É
nossa moeda. Mesmo se chegarmos ao fundo, Ele nos garante não bens materiais,
mas a vida eterna. Damos o resto a Deus e nos queixamos quando não conseguimos
nos manter em pé por não ter onde nos apoiar.
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