domingo, 7 de junho de 2015

OS DOIS ANJOS-DA-GUARDA

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa-Venerável Padre Pelágio CSsR
Um andante resolveu arranjar uma casa. Pensou: 
-“Chega de dormir ao relento e de andar por aí, a vadiar, sem eira nem beira Vou fazer uma casa para mim”. 
Escolheu um lugar recanteado, numa terra de ninguém, e lançou-se ao trabalho. No primeiro dia, preparou o terreno. Depois, foi andar. Este andante chamava-se João. Por coincidência, o outro andante também pensou que já estava no tempo de ter uma casa. Para poder levar avante esse projeto, tinha de procurar onde construí-la. Deu com um terreno já preparado, e disse: Aqui fica bem. Está limpo e pronto para a construção. Agora é só cavar os buracos para as colunas que vão escorar as paredes.  Foi o que fez. Depois, foi andar. Este andante chamava-se Joaquim. Quando o primeiro andante voltou e viu os buracos feitos e os troncos alinhados, ficou muito contente: 
- “Um anjo está me ajudando”. 
Enterrou os troncos e foi cortar madeira para as paredes. Depois, como não tinha pregos, foi comprá-los. O Joaquim, quando chegou e viu os troncos enterrados nos buracos e a madeira empilhada, pensou: 
- Tenho um anjo me ajudando. 
E foi comprar pregos. Entrementes o João, pregou a madeira e levantou as paredes. O telhado deixou para depois. Foi dar um passeio. Quando o Joaquim voltou e viu as paredes prontas, disse: 
- Tenho de ajudar o meu anjo da guarda. 
E levantou o telhado. Depois foi procurar comida. O João, acabado o passeio, vendo o telhado pronto, disse:
- O meu anjo é um portento. Só falta o assoalho. 
Foi no que se aplicou. Assoalhada a casa e mobiliada, só faltava ocupá-la. Estava uma lindeza. Uma porta, duas janelas, uma chaminé. Que mais queria? E o andante João, encantado com a sua obra, ajoelhou-se e, de mãos postas, agradeceu a mãozinha prestimosa do seu anjo da guarda. Mas uma voz indignada interrompeu-lhe: 
- Que pouca vergonha é esta? Quem o mandou entrar na minha casa? 
Era o Joaquim. O João retorquiu: 
- A sua casa? Com que direito? Ainda agora assoalhei e mobilhei tudo. 
- E eu que levantei o telhado? - repontou o Joaquim. 
- E eu que levantei as paredes? - retorquiu o João. 
- E eu que cavei as fundações? 
- E eu que acertei o terreno? 
Pararam de altercar. Um olhou para o outro, ficando ambos de boca aberta. 
- Tu é que eras o meu anjo da guarda? - apontou o João para o Joaquim. 
- O meu anjo da guarda eras tu? - apontou o Joaquim para o João.
Abraçaram-se. E ficaram morando juntos. 
Lição: Quando um não quer, dois não brigam. - Vivei em paz!

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