PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
283.
Clima de conversão
A espiritualidade do sacramento da
penitência – confissão – não é somente pedir perdão de um passado a ser
chorado, mas nos encaminha a um presente a ser construído. Essa obra é a vida
cristã que foi danificada pelo pecado. Na realidade, trata-se de construir uma
vida de amor. Assim, a confissão não só dá o estado de graça, abre os tesouros
dos sacramentos, recupera o coração, mas confere a missão de construir uma
comunidade de conversão permanente. Não se trata só de cancelar o mal causado
pelos pecados acusados para que não voltem a acontecer. E para que não voltemos
ao mesmo erro, precisamos da saúde espiritual que encontramos no Corpo de
Cristo, no qual estamos inseridos. Depurando os males, fortalecendo o caminho, estamos
em um clima de conversão permanente na comunidade. Sem o clima de conversão, a
comunidade perde a vitalidade apostólica e a capacidade de testemunhar Jesus e seu
Evangelho. Nas comunidades é muito freqüente a tensão e o desencontro entre
pessoas. Elas tornam-se assim um antro de fofoca e agressões, que levam muitos
a se afastarem. É um contra testemunho que distancia os que poderiam fazer
parte e obstrui o caminho dos que atuam. O projeto de Jesus é o amor mútuo, que
é anúncio. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos
outros”, nos diz Jesus. A vida da comunidade reconciliada no amor é o maior
testemunho e a maior pregação. Como o mal fere a comunidade, a confissão é um
excelente meio para recuperá-la. Por isso a celebração do sacramento busca
encaminhar os problemas que se criam na comunidade. Não podemos pensar que
resolve só os meus problemas, mas ajuda também a comunidade. O pecado é social
e atinge todo o corpo de Cristo. A concepção individualista prejudica o
sacramento.
284.
Auxílios da graça
Podemos pensar que a carga da
conversão seja muito pesada para o indivíduo e a comunidade e que não podemos
nos libertar. Não há situação tão difícil que não possa ser solucionada. Se
permanecermos somente no aspecto humano, pode ser que seja difícil ou até
impossível a superação. Mas a graça de Deus garante a solução das dificuldades.
O que parece impossível para nós, não o é para Deus. “A Deus nada é impossível!”
Contamos não com milagres, mas com sua graça amorosa. Deus jamais nos condena.
Sempre vem em nosso socorro. A graça curativa do sacramento faz maravilhas. Os
milagres que Jesus fazia são sinais de sua força redentora. Ele é o médico
divino. A confissão dá a graça, não só para aquele momento, mas para secundar
nossa fraqueza no dia a dia. A graça, que é Cristo, é como o alimento que mais
que gostoso, é vital.
285.
Pedir a perseverança
Santo Afonso diz que Deus dá a
graça, mas a perseverança na graça deve ser pedida com humildade. É necessária a
oração insistente para permanecer no bem com a graça de Deus. A súplica faz
parte do ser cristão. Jesus disse com clareza: “Pedi e recebereis”. Deus
respeita nossa liberdade, por isso deixa-nos escolher. Estar unido a Ele na oração
suplicante mostra o quanto somos dependentes dEle em nossa fragilidade. Podemos
voltar a cair. Somos os filhos que voltam, mas que querem continuar e não fazer
a tontices de antes. Com o auxílio dos santos, nossos amigos, e a proteção
maternal de Maria, venceremos! Rezemos uns pelos outros. São João escreve: “Se
alguém vê seu irmão pecar... que ele ore e Deus dará a vida a este irmão” (1Jo
5,16). Rezar é um dom e um privilégio.
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