PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Os
maus pastores e a esperança
Os discípulos voltaram da missão à qual os enviara Jesus. A missão
consiste precisamente em prosseguir a única missão do Mestre, aquela que
recebeu do Espírito Santo no Batismo: pregar o Evangelho, realizar as obras do
Reino através das palavras e dos milagres. São eles os pastores do povo de
Deus. Na experiência do Antigo Testamento, pudemos ver o fracasso da realeza. Foram
eles que, no lugar de Deus deveriam conduzir o povo. Foram eles que levaram o
povo, por sua infidelidade a Deus e pelo modo como O trataram, ao extremo
sofrimento e catástrofe nacional. Os pastores não cuidaram: dispersaram e
afugentaram o povo (Jr 23,2). Essa foi a história do povo que, por seus
dirigentes, perdeu o sentido de sua aliança com Deus. Por isso teve de arder em
graves sofrimentos. Por sua fidelidade à aliança, Deus jamais o abandonou. Para
isso toma a grande decisão de cuidar pessoalmente de seu povo. Vai reuni-lo de
onde estava disperso. Diz o Senhor: “Suscitarei novos pastores que as
apascentem...Virão dias em que farei nascer um descendente de Davi; reinará
como rei e será sábio. Fará valer a justiça e a retidão na terra” (5). Jesus, enviando
seus discípulos à missão, está cumprindo essa promessa de não deixar seu povo
sem pastores, cuidado que Deus já tivera, no deserto, ao dar os 70 auxiliares a
Moisés: “para que a multidão não fosse como um rebanho sem pastor” (Nm 27,17).
Jesus é o prometido. Ele forma seus discípulos para que, pela presença
permanente do Espírito, sejam os pastores de que o povo necessita.
Jesus
é o bom pastor
Paulo, em sua carta aos Efésios, diz
que Cristo é nossa paz. Ele reúne todos em um único corpo, criando em si um só
homem novo por meio da cruz (Ef 2,13-18). Jesus realiza a profecia de um pastor
completo que definitivamente vai conduzir ao Pai os dispersos. A atitude
fundamental do bom pastor Jesus é a compaixão. Esse magnífico texto mostra seu
inteiro coração: “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve
compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois a ensinar-lhes
muitas cosias” (Mc 6,34). Ele, que procurara descanso para si e seus
discípulos, pois não tinham tempo nem para comer, tantos eram os que iam e
vinham, deixa o descanso e passa ao carinhoso atendimento de todos. As atitudes
do pastor estão descritas no salmo 22, que não é uma simples poesia bonita, mas
é a metodologia que Jesus usa para com o povo que o Senhor lhe confiou. Inicialmente
vemos Jesus convocar os discípulos para um repouso. Significa o carinho com que
Ele os reúne como comunidade e lhes garante um futuro de paz em seu ministério.
Paz que encontrarão em Deus como prêmio. Que eles, sentindo o prazer de estar
repousando com Jesus, aprendessem a conduzir todos a Ele e à comunidade como
lugar do repouso.
Ser
pastor como Jesus
Os
discípulos aprendem de Jesus a serem os bons pastores do povo. Como serão os
pastores que Jesus dá para nós? Qual é a “forma”? A primeira condição para ser
pastor como Jesus, não só padre, é saber ter compaixão do povo. Essa compaixão
vai ao extremo, chega ao ponto de não ter tempo nem para comer. Certamente a
vida tem de ter ordem e estrutura. Mas, Jesus não tinha relógio. O ponto de
partida para o bom pastor não é o proveito que as ovelhas lhe dão, mas o proveito
que os fiéis tiram da misericordiosa presença de Jesus que os conduz a serem
comunidade e a serem ensinados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário