Evangelho segundo S. João 15,12-17.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «É este o meu mandamento: que vos ameis
uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que
dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos
mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu
Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei,
para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto
pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos
ameis uns aos outros».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Encíclica «Spe salvi» §§ 38-39
«Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei»
A grandeza da humanidade determina-se
essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto
para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar
os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com
que o sofrimento seja compartilhado e assumido, mesmo interiormente é uma
sociedade cruel e desumana. [...] A palavra latina «consolatio», consolação,
exprime isto de forma muito bela, sugerindo um estar-com a solidão, que desse
modo deixa de ser solidão. Mas a capacidade de aceitar o sofrimento por amor do
bem, da verdade e da justiça é também constitutiva da grandeza da humanidade,
porque se, em definitivo, o meu bem-estar, a minha incolumidade, é mais
importante que a verdade e a justiça, então vigora o domínio do mais forte;
então reinam a violência e a mentira. [...]
Sofrer com o outro,
pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça, sofrer por causa do amor
e para vir a ser uma pessoa que ama verdadeiramente: estes são elementos
fundamentais de humanidade; o seu abandono destruiria o próprio ser humano.
Entretanto, levanta-se uma vez mais a questão: somos capazes disto? [...] Na
história da humanidade, cabe à fé cristã precisamente o mérito de ter suscitado
no ser humano, de maneira nova e com uma nova profundidade, a capacidade dos
referidos modos de sofrer que são decisivos para a sua humanidade. A fé cristã
mostrou-nos que verdade, justiça, amor não são simplesmente ideais, mas
realidades de imensa densidade. Com efeito, mostrou-nos que Deus - a Verdade e o
Amor em pessoa - quis sofrer por nós e connosco.
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