O Deus das infinitas surpresas não fez menos quando nos revelou Seu
amor. Ele sempre toma a dianteira. Antes mesmo que nós O tivéssemos amado, já nos
amava e nos salvava: “Deus dá prova do seu amor para conosco pois, quando
éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8). Essa sabedoria de Deus
vem dizer-nos que não recebemos nada por mérito de nossa parte, mas por amor.
Deus não paga nossos méritos mas doa em excesso. Deus não
negocia, presenteia. Mostrou sua misericórdia quando a humanidade se encontrava
na situação de fragilidade, dizemos pecado. A misericórdia de Deus não foi um
ato de sentimento de pena, mas uma atitude de partilha de vida feliz. Veio para
nos levar a participar de Sua comunhão, o que significaria a redenção de todos
os males humanos e do universo. A atitude de Deus é fabulosa. Até o universo,
como diz Paulo, esperava essa redenção (Rm 8,22-23). Toda redenção, por mais
interpretações que tenha, não pode deixar de lado o aspecto do abraço do Pai
que vem, através do Filho, ao encontro de cada pessoa. A morte de Jesus não foi
um gemido de dor, mas um grito de amor que corta o coração de quem sabe
acolhê-lo. Podemos ler nos evangelhos como o pai acolhe o filho que deixou a
casa e como o pastor busca a ovelha perdida. Jesus veio para salvar o que
estava pedido. Alegra-se porque os pequeninos acolhem Sua mensagem.
266. Um sacramento de bondade
No
projeto de Deus, tudo foi encarnação. O Filho de Deus se encarnou e deixou o
grupo dos discípulos para continuarem Sua presença e missão. Deixou os
sacramentos para que fossem o encontro de redenção com Cristo. Dentre esses
sacramentos nós temos o sacramento da reconciliação e penitência. Esse foi a
maior vítima da falta de compreensão do amor misericordioso de Deus. Tornou-se
um tribunal de terror, tanto que muitos se afastaram dele pelo modo como foram
atendidos. A maioria tem medo de confessar-se. Não era para ser assim. Pe.
Häring chama-o de sacramento da alegria. Santo Afonso dizia que o pregador
devia ser um leão no púlpito e um cordeiro no confessionário. E descreve as
atitudes de carinho com que devem ser tratados os penitentes. E até completa:
“Está com medo da penitência? Não se preocupe, pois Jesus a fez por você,
morrendo na cruz!” Eu devo ser firme na verdade, mas posso dizê-la com
educação, tentando convencer pelo amor e não pelo terror. O santo diz ainda que
“as conversões provocadas pelo medo não duram muito tempo. Duram as conversões
provocadas pelo amor”. A confissão é o sacramento do perdão e não da
condenação. A heresia jansenista foi a culpada dessa cara ruim de Deus. O pior
é que tem gente voltando a isso. Que bom se levássemos a confissão para o
verdadeiro lugar. As pessoas correriam para ela, como para a eucaristia
267.
Conversão como caminho permanente
O sacramento da penitência não é passar pelo padre, acusar os pecados,
ou aproveitar-se de uma confissão comunitária para receber um perdão sem as
condições devidas. O sacramento exige e estimula a conversão permanente. Aí
sim, ele tem fruto. Por que não melhoramos? Porque não nos confessamos ou
confessamos mal. Sem conversão não há sacramento da bondade. Conversão é a
alegria de voltar para casa pelo sacramento alegre do encontro. Sem isso, fica
tudo triste. O sacramento tem uma graça que aumenta a conversão e fortalece na
decisão. Mesmo os casos mais complicados podem ser encaminhados pela graça do
sacramento do perdão. Por isso, nada como criar um novo modo de ver esse
sacramento.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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