Evangelho segundo S. Mateus 26,14-25.
Naquele
tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos
sacerdotes e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar
Jesus?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. A partir de então, Judas
procurava uma oportunidade para O entregar. No primeiro dia dos Ázimos, os
discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os
preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de
tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em
tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’». Os
discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa. Ao
cair da tarde, sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou: «Em
verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará». Profundamente
entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?» Jesus
respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que vai entregar-Me. O
Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por
quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter
nascido». Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu,
Mestre?» Respondeu Jesus: «Tu o disseste».
Da Bíblia Sagrada
- Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja
Catequese Baptismal 13, § 6
«O meu tempo está próximo; é em tua casa que quero celebrar a
Páscoa»
Queres que te demonstre que Cristo sofreu a
sua Paixão voluntariamente? Os outros homens morrem de má vontade, pois morrem
nas trevas; mas Ele dizia antes da sua Paixão: «Eis que o Filho do Homem Se
entregou para ser crucificado» (Mt 26,2). Sabes por que foi que este
misericordioso não fugiu à morte? Para evitar que o mundo inteiro sucumbisse nos
seus pecados. «Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue e
crucificado» (Mt 20,13) e ainda: «Ele tomou resolutamente o caminho de
Jerusalém.»
Queres também saber claramente que a cruz é, para Jesus,
uma glória? Ouve-O a Ele dizer-to, e não a mim. Judas, cheio de ingratidão pelo
seu anfitrião, ia entregá-Lo; acabava de sair da mesa e de beber do cálice da
bênção e, em jeito de agradecimento por esta bebida da salvação, decidiu verter
sangue inocente. Ele que comera o pão do seu Mestre, agradecia-Lhe de modo
vergonhoso entregando-O. [...] Depois Jesus disse: «É chegada a hora em que o
Filho do Homem será glorificado» (Jo 12,23). Vês como Ele sabe que a cruz é a
sua glória? [...] Não que antes Ele tenha existido sem glória, pois fora
glorificado «com a glória que tinha antes da fundação do mundo» (Jo 17,5). Mas,
como Deus, era glorificado eternamente, enquanto agora era glorificado por ter
merecido a coroa pela sua constância na prova.
Ele não foi obrigado
a deixar a sua vida, não foi forçado a imolar-Se; Ele avança livremente. Escuta
as suas palavras: « Tenho o poder de entregar a minha vida e tenho o poder de a
retomar» (Jo 10,18); é por minha inteira vontade que cedo aos meus inimigos,
pois se Eu não quisesse, nada aconteceria. Ele veio portanto voluntariamente
para a Paixão, contente com esse acto, sorrindo à coroa, feliz por salvar a
humanidade.
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