Entre os dinamismos da espiritualidade batismal, está presente e urgente
a vivência litúrgica do Batismo. Este se realiza em uma celebração ritual que,
de acordo com o ano litúrgico, acontece na noite de Páscoa. A Quaresma é a
preparação. O tempo pascal, até Pentecostes, é tempo para o conhecimento e a
celebração da vida nova nascida nas águas do Batismo. As águas foram o sinal
sensível e realizador de nossa participação no mistério Pascal de Cristo, isto
é, sua vida, morte e ressurreição. A vivencia litúrgica, tanto na celebração,
como no dia a dia, renovará a adesão a Cristo e à Igreja. Todo o tempo da
Quaresma como da Páscoa ensina pela Palavra de Deus, pelas orações e ritos que
são organizados de tal modo que nos auxiliam a fazer deste tempo, tempo do
batismo. Como ensinamento, a primeira proposta é ter como meta a Noite Pascal.
Ali, na memória da Páscoa do Senhor, vivemos a permanente passagem da morte
para a vida. Para chegarmos a esse momento abrimos a Quaresma com a
Quarta-Feira de Cinzas na qual damos o primeiro passo dispondo-nos à conversão.
A segunda proposta é vivencial: Para viver o batismo é necessário a conversão
permanente. A Palavra forma e o Espírito de Cristo modifica os corações. Por
isso o rito pascal não é somente festa, mas um encontro salvador com Cristo.
224. Buscai as coisas do alto
No
dia de Páscoa vamos ouvir estas palavras: “Vós que nascestes de novo, buscai as
coisas do alto onde está Cristo à direita do Pai” (Cl 3,1). Cristo é a meta de
chegada e a energia que conduz. Esta caminhada chama-se conversão. Não é
somente sair de uma situação de pecado ou erro. É mais uma busca constante de
crescimento. Está mal também quem não cresce e não procura sempre novos
caminhos para melhor servir a Deus e a Seu povo. O caminho batismal da Quaresma e da Páscoa
leva-nos a conhecer a Deus, buscá-lO com mais ardor e renovar as forças. O
encadeamento das leituras dá uma catequese global que acompanha a comunidade
nos diversos momentos dessa celebração. Na Quaresma não insiste só na
penitencia, mas, sobretudo a renovação espiritual a partir do batismo.
225. Dimensões espirituais da Quaresma
Na
Quarta-Feira de Cinzas fazemos o ritual de abertura do tempo da Quaresma,
caminhada para a Páscoa. Abrimos também nossa disposição de conversão para
renovar o Batismo na Vigília Pascal. No primeiro domingo são colocadas diante
dos olhos da comunidade as 3 tentações de Jesus. São as nossas tentações. Nós
somos tentados, e como Ele e nEle, vencemos. A tradição cristã oferece os meios
de conversão: jejum, esmola e oração. São as referências básicas da pessoa
humana: Deus o outro e o mundo. Pelo jejum me equilibro no mundo, dando o justo
valor às realidades terrestre. Não se trata de passar fome, mas saber comer.
Pela esmola, nós nos abrimos aos outros na fraternidade e na caridade que salva
e cura. Pela oração nós nos voltamos a Deus, fonte de vida. Retornamos ao
equilíbrio original da graça e superamos as conseqüências do pecado original
que nos desequilibram no relacionamento de obediência a Deus; no relacionamento
com o mundo (coisas materiais), nos ajustamos e respeitamos a ordem da
natureza; no relacionamento com os irmãos restauramos a fraternidade. Assim
podemos dizer no dia da Páscoa: Ressuscitamos com Cristo para uma vida nova.
Cada pessoa recebe a força da Ressurreição e vive em Cristo a vida nova.
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