PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
João pregava um batismo de conversão
O tempo do Advento é uma
chamada forte para a espera da manifestação do Senhor que se faz de tantos
modos: Ele se revelará no fim dos tempos como juiz; no Natal como Deus conosco;
em nossa vida, mostra-se como consolação (Is 40,1). As manifestações são para
nós um dom precioso e urge que corramos a seu encontro preparando os caminhos,
pois Ele vem. Correr ao encontro do Senhor traduz a Palavra conversão (em grego
metánoia – mudar de rumo). João coloca a preparação como uma busca de
endireitar os caminhos. O texto de Isaías 40,1-11 apresenta essa conversão como
um novo Êxodo. O povo estava no Exílio e o profeta anima ao retorno, não só
para uma volta à pátria, mas uma caminhada para Deus que vem manifestar sua
glória, isto é, sua presença salvadora. O profeta pensa em um caminho magnífico
por onde passará o povo. João, em um plano espiritual, propõe uma mudança
interior através de novas atitudes que sejam o caminho de Deus. O Deus que vem
é sempre o bom pastor. “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne com a
força dos cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães” (Is
40,11). João anuncia que Ele batizará no Espírito Santo, o que significa a
transformação do coração. O Advento, em seu ensinamento abre a perspectiva de
renovação.
Esperamos novos céus e nova terra
A pregação da conversão
e da purificação dos pecados não é somente a libertação do mal praticado, mas
destina-se muito mais a conduzir a uma nova condição: “Novos céus e nova
terra”. A conversão é o início desse tempo novo. Por isso o profeta insiste
tanto em preparar os caminhos, nivelar os vales e endireitar o que está torto.
É o novo Êxodo na estrada que conduz a um novo relacionamento com Deus. Êxodo
sempre tem como finalidade não só sair de uma situação de desgraça, mas
encaminhar para a novidade. Pouco adiantaria sair do Egito se não houvesse uma
terra prometida e possível. Pouco adiantaria sair do pecado se não nos
encaminhássemos na vida da graça. Em sua pregação Jesus salienta muito mais o
lado positivo da vida e da fé. Sua morte seria inútil se não houvesse uma
ressurreição. Deus não é um tapa buracos, mas um caminho novo. “Eu sou o
caminho”
João apareceu no deserto
João é uma figura forte
do Advento. Ele veio para preparar o caminho com suas palavras e sua vida. Não
era somente um pregador forte e convincente. Todos iam procurá-lo (Mc 1,3). Ele
é uma pregação viva. Sua vida era uma pregação pela austeridade, desapego e
consciência de seu papel: “Depois de mim vem alguém que é mais forte que eu. Eu
não sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias” (Mc 1,7). Buscava
só o cessário. Pedro, em sua carta, aconselha os cristãos a viver uma vida
santa e piedosa (1Pd 3,11). Esforçai-vos para que vos encontre numa vida pura,
sem mancha e em paz” (14). A vida deve corresponder à escolha que fazemos de
preparar os caminhos e passar por Eles. O Deus que vem não é o Terrível. Por
isso rezamos com o salmo: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e vossa
salvação nos concedei! O Senhor nos dará tudo o que é bom” (Sl 84). O Natal
está para chegar. É o momento de reunir todos os ensinamentos da Palavra e
fazer como João: coerência com o caminho que nos propomos ao aceitar a vinda do
Senhor.
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