PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A vida do homem
é uma luta
Jesus inicia a
pregação do Evangelho para a salvação integral, do corpo e da alma como
unidade. Outra dimensão clara da missão de Jesus é a transformação do coração
para servir tanto para o anúncio como para a cura dos males que afligem o ser
humano. A leitura do livro de Jó reflete a condição humana à qual Jesus se
dirige. Assumiu essa condição, por isso sabia onde estava a dor das pessoas. Jó
descreve essa angústia existencial de sofrimento, de cansaço, de dor, de
carência e de desencanto. Diz “os meus dias correm mais rápido do que a
lançadeira do tear” (Jo 7,6). A lançadeira
ou canoinha é o instrumento que, no tear, trabalha com a linha que faz a
trançado do tecido. Além do mais, Jó não vislumbrava futuro. Jesus, tendo essa
situação diante dos olhos e no coração, veio como médico para sanar todas as
dores. Sua pregação se faz através das palavras que curam os corações e seus
gestos que curam os corpos. É bonito imaginar essa cena: “À tarde, depois do
por do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio...
Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios” (Mc
1,32.34).
As pessoas atribuíam a doenças à possessão diabólica. É diferente da possessão
diabólica que entendemos. Por estar desligada da vida do povo, podemos perceber
como a pregação que fazemos não tem o efeito que pretendemos. Privilegia
somente o intelectual. Por isso não cala nos corações. Jesus falava mais
através dos gestos concretos. Não se trata de fazer milagres ou expulsar
demônios, mas criar situações em que as pessoas possam se libertar dos males
que sofrem. O carinho de Jesus pelas populações vem do conhecimento que tem de
sua vida, pois a vivia. Sabemos que a Igreja corre o risco de descuidar-se do o
povo, deixando-o a sua sorte. Depois reclamamos das saídas da Igreja para
outras igrejas.
Pelo Evangelho,
faço tudo
Paulo, seguidor
apaixonado de Jesus, tinha o anúncio do Evangelho como sua missão e sua vida.
Se não tivermos essa loucura pelo Evangelho, somos inócuos no anúncio. Ele
descreve que pregar o evangelho se tornou para ele uma segunda natureza:
“Pregar o Evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade
para mim, uma imposição. Ai de mim se eu ao pregar o Evangelho” (16). Sente-o como
um encargo que lhe foi confiado. O salário de Paulo é o direito de anunciar sem
receber paga sem usar os direitos que o evangelho lhe dá (1Cor
9,18).
Paulo acompanha o modo de ser e viver de Jesus, vivendo no meio do povo,
tornando-se escravo de todos... com os fracos, eu me fiz fraco para ganhar os
fracos, Com todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do
Evangelho eu faço tudo, para ter parte nele (18). E Jesus andava
por toda a Galiléia pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
A serviço do
Evangelho
A cura da sogra
de Pedro é uma explicação do resultado da obra apostólica: Jesus saiu da
sinagoga e foi para a casa de Pedro. A sogra estava doente e contaram a Jesus.
Ele a tomou pela mão e ela começou a servi-los. É a transformação radical da
pessoa, sair de si e servir. Paulo se põe a serviço, fazendo-se escravo de
todos. Outro grande serviço é oração, como Jesus que sempre se encontrava com o
Pai. Sem o relacionamento com o Pai se perde a dimensão maior da evangelização.
Por isso a importância da oração, sobretudo na comunidade. Pregador sem Deus prega
a si mesmo e não toca os corações. O grande drama da pregação é a falta de
coerência, isto é, santidade.
Leituras: Jó 7,1-4.6-7; Salmo 146; 1Coríntios
9,16-19.22-23
1.Jesus inicia sua
pregação do Evangelho para a salvação integral, corpo e alma. Transforma o
coração para servir no anúncio e na cura dos males. Jó apresenta a situação do
homem. Jesus assume essa condição para curá-la. Cura pela palavra e pelo
milagre. Perdemos a força evangelizadora quando deixamos o povo.
2.Paulo tem o
Evangelho como vida e missão. Não o faz por lucro, mas serve como escravo.
Faz-se fraco com os fracos, como Jesus.
3.A cura da sogra
de Pedro exemplifica a pregação de Jesus. Cura para colocar-se a serviço. Um
serviço fundamental de Jesus e nosso é a oração. Sem a oração perde-se a
condição de evangelização.
Médico sem jaleco
Jó nos diz que a vida não é fácil. A
vida é um sopro. Há momentos em que nos desanimamos. Aqui então aparece o
médico que buscamos: Não usa jaleco,
Marcos
narra os milagres de Jesus. Não é para fazer bonito. Ela nos mostra que com
eles vence o mal, não só do corpo.
As
curas que Jesus faz têm uma finalidade, como podemos ver na cura da sogra. Ela
estava com febre. Ele a tomou pela mão e a febre desapareceu. E ela se pos a
servi-los Dizer-se curado é por-se a serviço. As curas que fazia eram para que
as pessoas se pusessem a serviço. Hoje muitos são curados e não aprendem a
por-se a serviço.
De onde Jesus tira sua energia? A
sintonia de Jesus com o Pai está em sua oração constante. Por isso sua obra
apostólica vai para muitos lugares. Vejamos como a falta de oração nos faz tão
fracos na fé e no serviço.
Jesus
abriu os olhos de Paulo para a fé. Sente que é uma obrigação sua a
evangelização. Evangelização não é elenco de doutrinas, mas a união de sua vida
com todos: Por causa do Evangelho eu faço tudo para ter parte nele.
É
preciso pegar o jaleco de Jesus.
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