Evangelho segundo S. João 1,19-28.
Foi este o
testemunho de João Baptista, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém
sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: "Quem és tu?" Ele confessou e não
negou: "Eu não sou o Messias". Eles perguntaram-lhe: "Então, quem és tu? És
Elias?" "Não sou", respondeu ele. "És o Profeta?" Ele respondeu: "Não". Disseram-lhe então: "Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que
nos enviaram, que dizes de ti mesmo?" Ele declarou: "Eu sou a voz que clama
no deserto: 'Endireitai o caminho do Senhor', como disse o profeta Isaías". Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: "Então porque
batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?" João
respondeu-lhes: "Eu batizo na água; mas no meio de vós está Alguém que não
conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar
a correia das sandálias". Tudo isto se passou em Betânia, além do Jordão,
onde João estava a batizar.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Homilia atribuída a Santo Hipólito de Roma (?-c. 235), presbítero,
mártir
Homilia do séc. IV para a Epifania, a Santa Teofania; PG 10, 852
«Eu não sou o Messias»
Honremos com reverência a compaixão de um
Deus que não veio julgar o mundo, mas salvá-lo. João, o precursor do Mestre, que
até então havia ignorado este mistério, quando soube que Jesus era
verdadeiramente o Senhor, gritou aos que vinham pedir o baptismo: «”Raça de
víboras” (Mt 3,6), porque me olhais com tanta insistência? Eu não sou o Cristo.
Sou um servo, não sou o Senhor. Sou um súbdito, não sou o rei. Sou uma ovelha,
não sou o pastor. Sou um homem, não sou Deus. Curei a esterilidade de minha mãe
ao vir ao mundo, não tornei fecunda a sua virgindade; fui tirado da terra, não
desci das alturas. Prendi a língua de meu pai (Lc 1,20), não manifestei a graça
divina. […] Sou vil e pequeno, mas “depois de mim vem um homem que me passou à
frente, porque existia antes de mim”» (Jo 1,30).
«Ele vem depois de
mim no tempo, mas já habitava na luz inacessível e inexprimível da divindade.
“Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de Lhe
descalçar as sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo” (Mt
3,11). Eu sou um subordinado; Ele é livre. Eu estou sujeito ao pecado, Ele
destrói o pecado. Eu ensino a Lei, Ele carrega a luz da graça. Eu prego na
condição de escravo, Ele legifera na condição de mestre. Eu tenho por leito o
chão, Ele, os céus. Eu dou um baptismo de arrependimento, Ele dá a graça da
adopção. “Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo.” Porque me
honrais? Eu não sou o Cristo.»
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