quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

EUROSIA FABRIS Religiosa, Beata 1866-1932

Eurósia Fábris nasceu em Quinto Vicentino (Itália), uma aldeia agrícola a poucos quilómetros de Vicenza. Era filha de Luís e de Maria Fábris, humildes lavradores. Em 1870, Eurósia tinha quatro anos quando foi viver com a família para Marola, aldeia do distrito de Torri di Quartesolo (Vicenza). Ela ali permaneceu durante toda a sua vida. Apenas frequentou as duas primeiras classes elementares, de 1872 a 1874. Era necessário ajudar os pais nos trabalhos dos campos e ajudar a mãe nos trabalhos domésticos. Todavia esta instrução foi suficiente para que ela aprendesse a escrever e a ler, particularmente a Sagrada Escritura ou outros trechos sobre temas religiosos, como o catecismo, por exemplo, a História Sagrada, a Filoteia, e as Máximas eternas de santo Afonso de Liguori. A mais das actividades domésticas, Eurósia ajudava também sua mãe no ofício de costureira, profissão que ela irá exercer também, mais tarde. Rica em qualidades humanas e religiosas, Eurósia sempre se mostrará atenta às necessidades da sua família. Aos doze anos, recebeu a primeira Comunhão. Desde então ela será assídua ao Sacramento eucarístico, todos os dias de festa religiosa. Nesse tempo não se praticava a Comunhão quotidiana. Só bem mais tarde, em 1905, será publicado o decreto de São Pio X autorizando a comunhão quotidiana. Eurósia inscreveu-se na Associação das Filhas de Maria na paróquia de Marola, às reuniões da qual ela sempre foi assídua. Observava rigorosa e escrupulosamente os estatutos da mesma. O fervor da sua piedade mariana cresceu ainda mais sob a influência do santuário vizinho dedicado a Nossa Senhora do Monte Berico, ponto de referência da sua devoção, porque, desde Marola, o santuário era bem visível no alto da montanha onde fora construído. Ela tinha como objecto das suas devoções: o Espírito Santo, o Presépio, o Crucifixo, a Eucaristia, a Santíssima Virgem e as almas do Purgatório. Foi uma apóstola no seio da sua própria família, no meio das suas amigas e na paróquia, onde ela ensinava o catecismo às crianças. Também ensinou jovens donzelas que frequentavam sua casa para ali aprenderem a costura e a talhar roupa. Aos 18 anos, Eurósia era uma jovem donzela séria, piedosa e trabalhadeira. Estas virtudes e a sua estatura física não passavam desapercebidos, o que teve como consequência que várias vezes tivesse pretendentes desejosos de contrair matrimónio com ela, o que ela sempre recusou. Em 1885 Rosina (assim a chamavam também na sua família) foi tocada por um acontecimento trágico: uma jovem esposa, sua vizinha, morreu, deixando órfãs três filhas ainda pequenas. A mais velha destas morreu também pouco depois. As duas outras, Clara Ângela e Itália, tinham apenas, uma 20, e a outra 4 meses, respectivamente. Um tio e o avô, doente crónico, viviam com o pai das duas órfãs. Eram três homens de forte carácter que se afrontavam verbalmente ao longo do dia. Esta situação emocionou muito Rosina. Durante seis meses, todas as manhãs, ela se ocupou das crianças e pôs ordem na casa. Depois, seguindo o conselho de seus pais e do pároco; depois de muito orar, ela aceitou de se casar com Carlos, bem consciente dos sacrifícios que ela iria futuramente afrontar. Ela considerou este acto como sendo a vontade de Deus que a chamava para uma nova missão. O pároco dirá mais tarde: “Foi na verdade um acto heróico de caridade para com o próximo”. O casamento foi celebrado em 5 de Maio de 1886 e teve como ponto culminante o nascimento de nove filhos, aos quais é necessário adicionar as duas órfãs e outras crianças ainda, recolhidas pelo casal. Uma dessas crianças, Mansueto Mazzuco entrou mais tarde no convento da Ordem dos Frades Menores Franciscanos, onde passou a usar o nome de Frei Jorge. A todas estas crianças, «Mamã Rosa», como a chamavam depois do seu casamento, ofereceu carinho, cuidados assíduos, sacrifícios e uma sólida formação cristã. No período trienal de 1918 a 1921, três dos seus filhos foram ordenados sacerdotes: dois diocesanos e um franciscano, Frei Bernardino, que foi o seu primeiro biógrafo. Uma vez casada, ela executa, com grande fidelidade as suas obrigações de vida conjugal: ela viveu numa profunda comunhão com seu marido. Tornou-se sua conselheira e seu reconforto; demonstrou um terno amor aos seus filhos; uma capacidade de trabalho fora de normas; uma grande capacidade para responder às necessidades do próximo; uma intensa de oração e amor a Deus, uma grande devoção à Santíssima Eucaristia e à Virgem Maria. Tornou-se para a sua família um verdadeiro tesouro, a mulher forte de que fala a Santa Escritura. Ela soube gerir as economias familiares, bem magras, mas mesmo assim continuando a partilhar com os pobres o pão de cada dia. Em 1932, uma vez mais ela mostrou as suas qualidades extraordinárias, a quando da morte de seu marido, Carlos Barban, após uma longa doença. Ela entrou na Ordem Terceira Franciscana, hoje OFS, participou às reuniões, mas viveu sobretudo o seu espírito de pobreza e alegria, de trabalho e de oração, a atenção delicada para com o próximo e o louvor a Deus Criador, fonte de todo o bem e de toda a nossa esperança. A família de Mamã Rosa foi verdadeiramente uma pequena igreja doméstica. Ela soube ali educar e ensinar os filhos a orar, a obedecerem, a possuírem o temor de Deus, a oferecer os sacrifícios quotidianos, a amarem o trabalho e todas as virtudes cristãs. Nesta missão de mãe cristã, Mamã Rosa sacrificou-se e consumiu-se num longo e permanente serviço, dia após dia, como um luminar sobre o altar da caridade. Ela morreu a 8 de Janeiro de 1932. O seu corpo repousa na igreja paroquial de Marola. Eurósia foi beatificada no dia 6 de Novembro de 2005, em Vicenza (Itália) pelo Sumo Pontífice Bento XVI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário