Evangelho segundo S. Mateus 18,12-14.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Que vos parece? Se um homem tiver cem
ovelhas e uma delas se tresmalhar, não deixará as noventa e nove nos montes para
ir procurar a que anda tresmalhada?
E se chegar a encontrá-la, em verdade
vos digo que se alegra mais por causa dela do que pelas noventa e nove que não
se tresmalharam. Assim também, não é da vontade de meu Pai que está nos Céus
que se perca um só destes pequeninos».
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Claude de la Colombière (1641-1682), jesuíta
Sermão pregado em
Londres, na presença da Duquesa de Iorque
O Filho de Deus vem à nossa procura
Imaginai a desolação de um pobre pastor cuja
ovelha se tresmalhou. Em todos os campos vizinhos só se ouve a voz desse infeliz
que, tendo abandonado o grosso do rebanho, corre pelas florestas e pelas
colinas, passa pelas partes mais densas dos bosques e atravessa os silvados,
lamentando-se e gritando com todas as forças e não se resolvendo a regressar sem
ter encontrado a sua ovelha e a ter trazido para o redil.
Foi isto
que fez o Filho de Deus, quando os homens se desviaram, pela sua desobediência,
das orientações do seu Criador: desceu à terra e não rejeitou cuidados nem
fadigas para nos restabelecer no estado de que tínhamos decaído. E é o que
continua a fazer todos os dias com aqueles que se afastaram dele pelo pecado:
segue-os, por assim dizer, não cessando de os chamar até os ter reconduzido ao
caminho da salvação. Se assim não fosse, sabeis certamente o que seria feito de
nós depois do primeiro pecado mortal: ser-nos-ia impossível regressar. Tem de
ser Ele a fazer tudo primeiro: a dar-nos a sua graça, a procurar-nos, a
convidar-nos a termos piedade de nós mesmos, pois sem isso não sonharíamos
sequer em pedir-Lhe que tivesse misericórdia de nós. [...]
O ardor
com que Deus nos procura é sem dúvida efeito de uma enorme misericórdia. Mas a
doçura que acompanha este zelo indica uma bondade ainda mais admirável. Não
obstante o desejo extremo que tem de nos fazer voltar, Ele nunca usa de
violência, recorrendo apenas aos caminhos da doçura. Em toda a história do
Evangelho, não encontro nenhum pecador que tenha sido convidado à penitência
senão por meio da ternura e de vantagens alcançadas.
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