Evangelho segundo S. Mateus 21,23-27.
Naquele
tempo, Jesus foi ao templo e, enquanto ensinava, aproximaram-se d’Ele os
príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, que Lhe perguntaram: «Com que
autoridade fazes tudo isto? Quem Te deu tal direito?» Jesus respondeu-lhes:
«Vou fazer-vos também uma pergunta e, se Me responderdes a ela, dir-vos-ei com
que autoridade faço isto. Donde era o batismo de João? Do Céu ou dos
homens?» Mas eles começaram a deliberar, dizendo entre si: «Se respondermos que
é do Céu, vai dizer-nos: ‘Porque não lhe destes crédito?’ E se respondermos
que é dos homens, ficamos com receio da multidão, pois todos consideram João
como profeta». E responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele por sua vez
disse-lhes: «Então não vos digo com que autoridade faço isto».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Beda, o Venerável (c. 673-735),
monge beneditino, doutor da Igreja
Sermão nº 1; CCL 122, 2
«Todos têm a João por profeta»
Se perguntarmos porque é que João baptizava,
uma vez que não podia, através do seu baptismo, remir os pecados, a razão é bem
clara: é que, para ser fiel ao seu ministério de Percursor, João tinha de
baptizar antes do Senhor, tal como nascera antes dele, pregava antes dele e
morreria antes dele. Ao mesmo tempo, era para impedir que as invejas quezilentas
dos fariseus e dos escribas recaíssem sobre o ministério do Senhor, no caso de
ser Ele a dar primeiro o baptismo aos homens. «De onde provinha o baptismo de
João: do Céu ou dos homens?» Tal como não ousaram negar que vinha do Céu, assim
também seriam constrangidos a reconhecer que as obras daquele sobre quem João
pregava eram realizadas por um poder que vinha do Céu. E, se o baptismo de João
não remia pecados, não deixava contudo de ser fecundo para aqueles que o
recebiam: […] era um sinal de fé e de arrependimento, isto é, lembrava a todos
que deviam abster-se do pecado, dar esmola, crer em Cristo e apressar-se a pedir
o seu baptismo mal Ele aparecesse, para serem lavados para remissão dos seus
pecados.
Por outro lado, o deserto onde João habitava representa a
via dos santos, que se afastam dos prazeres deste mundo. Quer vivam na solidão
quer misturados na multidão, eles tendem com toda a sua alma a desligar-se dos
desejos deste mundo, e só encontram alegria quando se ligam a Deus no segredo do
seu coração, e põem toda a sua esperança nele. Era para essa solidão da alma,
tão cara a Deus, que o profeta desejava tender, com a ajuda do Espírito Santo,
quando dizia: «Quem me dera ter asas como a pomba, para poder voar e encontrar
abrigo!» (Sl 55,7)
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