terça-feira, 18 de novembro de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “A nós descei divina Luz”

Vida nova, vida do Espírito 
No princípio tudo era caos e confusão. “O espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2) para que tivessem vida. A palavra espírito, sopro, na bíblia é ruah. O sopro de Deus deu início à criação. O mesmo hálito de vida foi soprado no rosto do homem para que se tornasse ‘alma vivente’ (Gn 2,7). Em Pentecostes, o sopro de Deus sobre os homens dá a vida nova. No dia da Ressurreição Jesus sopra sobre os discípulos e diz “Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,22-23). Celebrando o dia de Pentecostes, ouvimos que “um vento impetuoso” anuncia o Espírito que desce sobre os apóstolos. A vida nova trazida por Cristo torna-se realidade aberta a todos as pessoas. Vida nova é reconciliação, nova aliança, nova criação para todos os povos. Como no Monte Sinai a lei foi transmitida em meio a uma fenomenal epifania, em Pentecostes, a nova lei é dada não só a um povo escolhido, mas a todos os povos, representados por tantos peregrinos que acorreram ao Cenáculo onde estavam reunidos os apóstolos. De todos os povos Deus faz nascer a Igreja da qual o Espírito é a alma, a vida. O Espírito faz de todos os povos que creram em Jesus, um único corpo. 
PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
As línguas do Espírito 
No momento de Pentecostes estavam em Jerusalém povos de todas as nações mais conhecidas. Todos entendiam, em sua língua, o que os apóstolos falavam (At 2,5-6). O grande dom do Espírito é que sua linguagem é entendida por todos. A língua do Espírito é a verdade de Jesus. Todos os povos entendem a linguagem do Espírito e transformam sua vida na verdade que é Jesus. Tornaram-se eles próprios anunciadores do Evangelho. O Espírito usa linguagens diferentes. Cada povo responde ao Espírito do seu modo. A unidade da Igreja não se faz pela língua única nem pela mesma expressão litúrgica, mas pela fé em Jesus e pela abertura à ação do Espírito Santo que dá a cada um receber, em sua própria língua, cultura e modo de ser a mesma e única verdade do Evangelho. A festa de Pentecostes convida-nos a buscar sempre uma linguagem mais clara para anunciar o evangelho e para abrir os tesouros de Deus que nos foram revelados pelo Espírito Santo. 
Dons para o bem comum 
Celebrando Pentecostes, nós recebemos os mesmo dons. Rezamos na oração da missa: “Deus que santificais a vossa Igreja inteira, derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do evangelho”. Celebrar significa reviver o que já foi dado como dom. Quanto aos dons, Paulo é claro: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios e atividades, mas um mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1 Cor 12,4-6). “A cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum” (7): Somos membros de um corpo e pertencemos uns aos outros. O Espírito Santo nos une em um único corpo pela água do Batismo e unção do Espírito, como a farinha é, pela água, um único pão. Cada membro do corpo tem uma função, um dom, mas todos agem para o bem comum, sejam eles dons humildes ou preciosos. Os dons que temos são um a obrigação e uma condição de se poder viver. Celebrar Pentecostes nos faz mais Igreja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário