PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Basílica
de S. João de Latrão
Nos
primeiros séculos do cristianismo não havia igrejas para as celebrações. Os
cristãos se reuniam pelas casas chamadas domus
ecclesiae, isto é, casas da comunidade. Papa, bispos, sacerdotes e
celebrações eram simples e diferentes. No ano 313 o imperador Constantino
permitiu a religião cristã no império romano. Então se construíram as basílicas
para as reuniões do povo e as celebrações. A primeira basílica foi a de S. João
de Latrão. O nome Latrão vem de Laterani, nome da família que tinha casa
naquele local. Sua casa foi destruída por Nero no ano 60. Ali foi construindo um palácio em 161.
Constantino o deu ao Papa Melquíades. A dedicação da Basílica foi presidida
pelo Papa Silvestre I no ano 324, dedicada ao Divino Salvador, mais tarde a S.
João Batista. Celebrar a dedicação – consagração de uma Igreja, mais que
celebrar a lembranças de uma data de um prédio, é celebrar o nascimento de uma
comunidade. Esta basílica é chamada de mãe de todas as igrejas da terra. É a
primeira igreja a ser construída. Entramos numa fase nova do cristianismo que
passa a ter templos. Modifica-se muito o
estilo de Igreja e perde-se bastante do ensinamento: “adorar a Deus em Espírito
e Verdade”. Mas, mesmo com os belos templos de tijolo ou os pobrezinhos de
adobe e capim que usei nas aldeias da Angola, o fundamental não pode ser
perdido: adorar em espírito e verdade (Jo 3,24).
Purificando
o templo.
A
cena de Jesus purificando o templo é assustadora. Até os humildes foram tocados, mas com menos
força. Ele amava o templo, coração da fé do povo. Tinha zelo pela casa do Pai,
com diz a Escritura: “O zelo por tua casa me consumirá” (Sl 69,10). O povo era explorado no
templo que se transformou em uma casa de comércio onde se vendiam os animais para
os sacrifícios e trocavam as moedas pela moeda do templo. Esta era pura para
ser usada, mas também explorada. Jesus faz uma profecia sobre o templo que vai
ser destruído e Ele, Messias de Deus, será o novo templo. Nele encontramos
Deus. Na Ressurreição Jesus toma o lugar deixando fora todas as outras
mediações para o encontro com Deus. As comunidades, simbolizadas pelas igrejas,
têm que ser sempre purificadas de todos os males que prejudicam o povo e o
relacionamento com Deus. O culto deve ser de doação, de disponibilidade e de serviço
humilde, como é o Corpo de Cristo Ressuscitado.
Nascente
das águas
A
leitura de Ezequiel nos mostra a água que nasce do templo e aumenta
purificando, dando fertilidade e vida. Representa a presença do Senhor no meio
do povo. Jesus é a água viva. De seu peito aberto pela lança sai a água e o
sangue. Mata nossa sede de Deus e nos alimenta com seu sangue que é vida. A
celebração da benção e dedicação da primeira igreja da cristandade leva-nos a
fazer memória de nossas comunidades e das pessoas que foram nossos pais na fé.
Anima-nos a purificar nossas comunidades e celebrações de tudo o que é impuro,
como a falta de amor, a ganância de dinheiro e poder e a exploração do povo.
Elas devem ser sinal da Ressurreição. É tempo de purificação.
Leituras: Ezequiel 47,1-2.8-9.12; Salmo 45;
1Coríntios 33,9c-11.16-17. João 2,13-22.
1. A basílica de Latrão é a primeira da
cristandade construída em 324 após a liberdade para a prática da fé cristã,
dada por Constantino em 313. Lembra a comunidade cristã que ali freqüentava. A construção de igrejas corre o arrisco de perder
o sentido do culto em espírito e verdade.
2.
Jesus purifica o templo que se transformara em casa de
comércio. Jesus profetiza que o templo será construído e Ele será o novo
templo, lugar do encontro com Deus. Sem outras mediações.
3.
A água que nasce
sob o templo representa a presença do Senhor no meio do povo. Seu lado aberto
jorra sangue e água para matar a fome e a sede de Deus. Anima a purificar
nossas comunidades e celebrações de tudo que é impuro, como falta de amor,
ganância de dinheiro e de poder. As comunidades devem ser sinal da
Ressurreição.
Lavagem da Igreja
Celebramos a inauguração da primeira igreja da Igreja.
Trezentos anos vivendo na perseguição, agora chegou a liberta, com lucros e
prejuízos. É a catedral de Roma, do Papa.
No evangelho lemos o
texto da expulsão dos vendedores que usavam o lugar sagrado para seus negócios.
Jesus expulsou todos. Foi uma confusão. Conhecemos na tradição a lavagem de
algumas igrejas, como da Igreja do Bonfim, na Bahia. Somos chamados a fazer
outra lavagem: tirar as sujeiras que o tempo acumulou sobre a Igreja de Cristo
como a luta pelo poder, a ganância por dinheiro, a exploração do povo e outros
vícios. Muitos usam a Igreja e ainda saem xingando sem dar sua contribuição.
São entulho também. É participando que purificamos a Igreja.
Hoje, a Congregação Redentorista, uma parcela da Igreja, completa 282
anos de fundação. Também ela precisa de uma lavagem. Isso fará quando renovar
sua entrega a Cristo através da dedicação aos necessitados. Sem isso, água
nela!
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