Evangelho segundo S. Lucas 14,15-24.
Naquele
tempo, disse a Jesus um dos que estavam com Ele à mesa: «Feliz o que comer no
banquete do Reino de Deus!» Ele respondeu-lhe: «Certo homem ia dar um grande
banquete e fez muitos convites. À hora do banquete, mandou o seu servo dizer
aos convidados: 'Vinde, já está tudo pronto.' Mas todos, unanimemente,
começaram a esquivar-se. O primeiro disse: 'Comprei um terreno e preciso de ir
vê-lo; peço-te que me dispenses.' Outro disse: 'Comprei cinco juntas de bois
e tenho de ir experimentá-las; peço-te que me dispenses.' E outro disse:
'Casei-me e, por isso, não posso ir.' O servo regressou e comunicou isto ao
seu senhor. Então, o dono da casa, irritado, disse ao servo: 'Sai imediatamente
às praças e às ruas da cidade e traz para aqui os pobres, os estropiados, os
cegos e os coxos.' O servo voltou e disse-lhe: Senhor, está feito o que
determinaste, e ainda há lugar.' E o senhor disse ao servo: 'Sai pelos
caminhos e azinhagas e obriga-os a entrar, para que a minha casa fique cheia.' Pois digo-vos que nenhum daqueles que foram convidados provará do meu
banquete.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da
Caridade
«Não há maior amor»
«Sai imediatamente às praças e às ruas da cidade e traz os
pobres»
O pobre não tem somente fome de pão; também
tem uma terrível fome de dignidade humana. Nós temos necessidade de amor e de
existir para alguém. E é aí que comentemos um erro sempre que empurramos as
pessoas para baixo. Não só recusámos aos pobres um pedaço de pão, como além
disso, ao considerá-los como nada, abandonando-os na rua, lhes recusamos essa
dignidade que é sua, de pleno direito, enquanto filhos de Deus. Hoje em dia, o
mundo não tem fome só de pão, mas também de amor; tem fome de ser desejado, de
ser amado. As pessoas têm fome de sentir a presença de Cristo. Em muitos países,
há de tudo em abundância, excepto essa presença, essa benevolência.
Há pobres em todos os países. Há continentes em que a pobreza é mais
espiritual que material: é uma pobreza feita de solidão, de desalento, de
ausência de sentido. Mas também nas ruas da Europa e da América vi pessoas na
maior miséria, a dormir em caixas de papelão, vestidas de trapos. Tanto Paris
como Roma e Londres conhecem essa forma de pobreza. É tão simples falar sobre os
pobres que estão longe ou preocuparmo-nos com eles. É mais difícil, e quiçá um
desafio maior, prestar atenção e preocuparmo-nos com o pobre que vive a dois
passos da nossa casa.
O arroz, o pão que dou ao esfomeado que
encontro na rua acalmar-lhe-ão a fome. Mas é muito difícil saciar a fome daquele
que vive na exclusão, na falta de amor e cheio de medo. Vós, que viveis no
Ocidente, muito mais que a pobreza material, conheceis a pobreza espiritual e é
por isso que os vossos pobres estão entre os mais pobres. Entre os ricos, há
muitas vezes pessoas espiritualmente muito pobres. A meu ver, é fácil alimentar
quem tem fome ou dar dormida a um sem-abrigo. Mas consolar, apagar a amargura, a
cólera e o isolamento que resultam da indigência espiritual, isso exige muito
mais tempo.
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