O texto do Evangelho que lemos nesse 5º domingo é uma continuação do discurso das bem-aventuranças no qual Jesus proclama: ‘Os discípulos são felizes porque são pobres em espírito, mansos, construtores da paz etc...’ Insiste em que são felizes pelo que são. E continua dizendo que “são sal da terra e luz do mundo”. Não diz que devem ser, mas que são sal e luz. Ao ouvir o termo sal, temos que entender num sentido ampliado. Jesus entende dizer: ‘sois sal para a terra’. Na tradição antiga, quando se destruía uma cidade, os inimigos espalhavam sal sobre ela para que morresse toda a vida que pudesse reerguê-la. Não se trata deste uso. A força deste sal que é para terra, não vem da terra, mas de Deus que é todo sabor. O salmo diz: “provai e vede como o Senhor é bom” (Sl 34,8). O sabor de Deus nos é dado a provar em seu Filho impregnou nossa vida. Tornamo-nos assim, um sabor para o mundo. Se perdermos esse sabor de Deus, não temos razão de existir. (Note-se que o sal que se usava no batismo tem origem em outro significado proveniente das culturas do início da Idade Média). “Sois o sal para a terra”: dá o sabor de Deus e não permite que se corrompa. Um sentido mais aprofundado provém do ritual dos sacrifícios. O livro do Levítico manda que toda a oblação, oferecida a Deus no templo, deva ser salgada. Não se deve deixar faltar o sal da aliança de Deus (Lv 2,7). O sal da aliança significa a estabilidade da aliança entre os contratantes. O cristão, sendo sal para a terra está a demonstrar que experimentar Deus pela fé é saboroso. Isso indica que a realidade não se corrompe e que o relacionamento com Deus se torna estável. Por se ligar ao sacrifício torna a vida comum um sacrifício agradável a Deus. Se o cristão não é sal, torna-se inútil.
Vós sois a luz do mundo
No batismo o fiel é iluminado. Sua iluminação provém da graça do batismo. Na preparação dos batismos dos adultos encontramos a etapa da iluminação. Essa luz é reflexo da luz divina. Jesus diz de si: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). “E Cristo vos iluminará (Ef 5,14)”. Iluminado, torna-se uma cidade sobre o monte que não pode ficar escondida. Essa luz é para brilhar no mundo e não para ser escondida. É a missão de cada cristão: refletir a luz de Deus no mundo para que possam encontrar os verdadeiros caminhos. Ser esta luz é ter uma atitude de caridade: “reparte teu pão com o faminto, acolhe em casa os pobres...Então brilhará a sua luz... Nascerá nas trevas a tua luz e tua vida será como o meio dia”(Is 58,7-10)
Glorifiquem o Pai.
A vida cristã é uma luz, é um sabor, é um culto. O culto autêntico é feito no altar do mundo. A terra é o altar de Deus. Onde está um cristão ou um coração sincero, ali se ergue a mais linda catedral ornada com as maravilhas do mundo, com o canto da natureza e o coração dos filhos. Glorificar o Pai é a finalidade final da salvação. É entrar em comunhão com Ele. Os discípulos, como filhos, trazem outros filhos ao Pai, seguindo sempre o seu Filho único. Ser sal para a terra e luz para ao mundo é vida, mas é também missão. Somos úteis ao mundo na medida em que Deus é conhecido e amado. Assim a glorificamos a Deus. Não é a vaidade que anunciamos, mas o Cristo crucificado. Essa é a luz que ilumina todo homem.
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