Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Escutai
outra parábola: Um chefe de família plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe,
cavou nela um lagar, construiu uma torre, arrendou-a a uns vinhateiros e
ausentou-se para longe. Quando chegou a época das vindimas, enviou os seus
servos aos vinhateiros, para receberem os frutos que lhe pertenciam. Os
vinhateiros, porém, apoderaram-se dos servos, bateram num, mataram outro e
apedrejaram o terceiro. Tornou a mandar outros servos, mais numerosos do que
os primeiros, e trataram-nos da mesma forma. Finalmente, enviou-lhes o seu
próprio filho, dizendo: 'Hão-de respeitar o meu filho.’ Mas os vinhateiros,
vendo o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Matemo-lo e ficaremos com
a sua herança.’ E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Ora bem, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Eles responderam-lhe: «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha
a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida.» Jesus
disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram
transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos
olhos? Por isso vos digo: O Reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a
um povo que produzirá os seus frutos.
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de
Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia 11 sobre a 2ª Carta aos Coríntios,
2-3
«Cristo confiou-nos o ministério da
reconciliação» (2Cor 5,18). São Paulo faz ressaltar assim a grandeza dos
apóstolos, mostrando-nos que ministério nos foi confiado e, simultaneamente,
manifestando o tipo de amor com que Deus nos amou. Depois de os homens se terem
recusado a escutar Aquele que Ele lhes tinha enviado, Deus não fez estalar a sua
cólera, nem os rejeitou, antes persiste em os chamar, por Si mesmo e através dos
apóstolos. Quem poderá deixar de admirar semelhante solicitude?
Silenciaram o Filho, que veio para os reconciliar, o Filho único da
mesma natureza do Pai. Mas o Pai não Se afastou dos assassinos, nem disse:
«Enviei-lhes o meu Filho e, além de não O escutarem, entregaram-No à morte e
crucificaram-No; de agora em diante é justo que Eu os abandone.» Fez o
contrário: quando Cristo deixou este mundo, nós, os seus ministros, ficámos
encarregados de O substituir. «Pois foi Deus quem reconciliou o mundo consigo,
em Cristo, não imputando aos homens os seus pecados, e pondo em nós a palavra da
reconciliação» (v. 19).
Este amor ultrapassa toda a palavra e toda a
inteligência! Quem fora insultado? Ele mesmo, Deus. Quem deu o primeiro passo
para a reconciliação? Foi Ele. […] Com efeito, se Deus tivesse querido pedir-nos
contas, estaríamos perdidos, visto que «todos estávamos mortos» (cf 2Cor 5,14).
Apesar do grande número dos nossos pecados, Ele não nos atingiu com a sua
vingança mas, mais uma vez, reconciliou-Se connosco; não satisfeito em ter
revogado a nossa dívida, considerou-a como nada. Assim devemos nós perdoar aos
nossos inimigos, se quisermos obter para nós este perdão magnânimo: «Ele
confiou-nos o ministério da reconciliação».
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