Evangelho segundo S. Lucas 11,37-41.
Naquele
tempo, depois de Jesus ter falado, um fariseu convidou-O para almoçar na sua
casa; Jesus entrou e pôs-se à mesa. O fariseu admirou-se de que Ele não se
tivesse lavado antes da refeição. O Senhor disse-lhe: «Vós, os fariseus,
limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina
e de maldade. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o
interior? Antes, dai esmola do que possuís, e para vós tudo ficará limpo.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Afonso-Maria de Ligório
(1696-1787), bispo, doutor da Igreja
6º Discurso para a novena de Natal
Um coração que verdadeiramente se dá a Deus
Compreendamos bem isto, o nosso coração
pertencerá completamente a Deus a partir do dia em que por Ele renunciarmos a
todas as nossas vontades, a partir do dia em que apenas quisermos o que Ele
quer. Este Deus, de resto, só quer o nosso bem e a nossa felicidade. «Cristo
morreu», diz o apóstolo Paulo, «para ser o Senhor dos vivos e dos mortos. Se
vivemos, é para o Senhor que vivemos; e se morremos, é para o Senhor que
morremos. Ou seja, quer vivamos quer morramos, é ao Senhor que pertencemos» (Rom
14, 8-9). Jesus quis morrer por nós; que mais podia Ele ter feito para
conquistar o nosso amor e Se tornar o único Dono do nosso coração? Cabe-nos
portanto, doravante, mostrar ao céu e à Terra, com a nossa vida e com a nossa
morte, que já não nos pertencemos a nós, mas que somos inteiramente posse do
nosso Deus, dele apenas.
O quanto Deus deseja ver um coração que
verdadeiramente se dá por completo a Ele! Com que amor ardente não o amará!
Quantos sinais de ternura não lhe prodigalizará, já aqui, nesta vida na Terra!
Quantos bens, quanta felicidade, quanta glória não lhe preparará nos céus! […]
Almas fiéis! Caminhemos ao encontro de Jesus; se Ele tem a
felicidade de nos possuir, temos nós a de O possuir a Ele: a troca é muito mais
vantajosa para nós do que para Ele. «Teresa», disse um dia o Senhor a esta santa
[de Ávila], «não tinhas sido, até aqui, completamente minha; agora que és
integralmente minha, fica a saber que Eu sou teu completamente.» […] Deus arde
de um desejo extremo de Se unir a nós; mas é preciso que também nós zelemos no
cuidado de nos unirmos a Deus.
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