Evangelho segundo S. Mateus 14,1-12.
Naquele
tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, e ele
disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Baptista! Ressuscitou dos mortos e,
por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» De facto, Herodes
tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade,
mulher de seu irmão Filipe. Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito
possuí-la.» Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o
considerava um profeta. Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a
filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, pelo
que ele se comprometeu, sob juramento, a dar lhe o que ela lhe pedisse. Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João
Baptista.» O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados,
ordenou que lha trouxessem e mandou decapitar João Baptista na prisão. Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua
mãe. Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois,
foram dar a notícia a Jesus.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato Guerric d’Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
3º Sermão
para a natividade de João Baptista, SC 202
A grandeza de João Baptista
O que dá grandeza a João, aquilo que o fez
grande entre os grandes, foi ter levado ao extremo as suas virtudes […], a estas
acrescentando a maior de todas, a humildade. Enquanto todos o consideravam o
mais importante de todos, ele, espontaneamente e com o desvelo do amor, colocou
acima de si Aquele que é o mais humilde de todos, e de tal maneira O colocou
acima de si que se declarou indigno de Lhe descalçar as sandálias (Mt 3,11).
Que os homens se maravilhem pois por João ter sido predito pelos
profetas, por ter sido anunciado por um anjo […], por ter nascido de pais tão
santos e nobres, ainda que idosos e estéreis […], por ter preparado o caminho ao
Redentor no deserto, por ter feito voltar o coração dos pais a seus filhos e o
dos filhos a seus pais (Lc 1, 17), por ter sido julgado digno de baptizar o
Filho, por ouvir o Pai, por ver o Espírito Santo em forma corpórea (Lc 3,22),
por, enfim, ter lutado até à morte pela verdade e por, para ser o percursor de
Cristo até à morada dos mortos, ter sido mártir de Cristo antes da Paixão. Que
todos se maravilhem com isto. […]
Quanto a nós, irmãos, é a sua
humildade que nos é proposta como objecto, não só de admiração, mas também de
imitação. A humildade incitou-o a não querer passar por grande, quando podia
tê-lo feito. […] De facto, este fiel «amigo do Esposo» (Jo 3,29), que amava o
seu Senhor mais do que a si próprio, desejava «diminuir» para que Ele pudesse
«crescer» (v.30). Esforçava-se por tornar maior a glória de Cristo fazendo-se a
si próprio mais pequeno, exprimindo assim com a sua conduta aquilo que diria o
apóstolo Paulo: «Pois não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o
Senhor» (2Cor 4,5).
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