sábado, 19 de julho de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Tu és rei”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Somos teus ossos e tua carne.
No último dia do Ano Litúrgico celebramos a festa de Cristo rei do Universo. É uma festa nova, criada por Pio XI em 11.12.25. A finalidade já está expressa na oração da missa: “restaurar todas as coisas em Cristo”. Entende levar todas as criaturas a servir à majestade de Cristo e glorificá-lo eternamente. A festa era celebrada em outubro com este sentido. Tendo sido transferida para o último domingo do Ano Litúrgico acrescenta o pensamento de ser Cristo aquele para o qual converge todo o caminho da Igreja e todo o universo. Ele é a meta de tudo. A primeira leitura narra a escolha de Davi como rei do povo em substituição a Saul rejeitado por Deus. O povo diz, justificando a escolha, “Somos teus ossos e tua carne” (2ºSm 5,1), tu tens a ver conosco. Assim Davi se torna o rei de todo o povo e, na sua descendência, há um rei maior, Jesus. O mesmo podemos dizer: ‘Somos teus ossos e tua carne, temos muito a ver com Jesus, pois Deus o colocou para nós como meta de nossos desejos e realizações’. Sem Ele estamos sem quem nos dirija. Seremos como ovelhas sem pastor. Não temos quem nos dê o sentido da vida. Declarar Cristo Rei é reconhecê-lo como parte nossa, pois com Ele realizamos um compromisso, uma aliança.
Que rei é este?
Aclamar Cristo como rei não é só um gosto pessoal, mas porque o “Pai nos libertou do poder das trevas e nos colocou no reino de seu Filho amado por quem temos a redenção e  o perdão dos pecados” (Cl 1,13-14). Por mais que Cristo seja próximo, não deixa de ter a grandeza que possui junto do Pai: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura” (Cl 3,15-16). Por sua encarnação é ele é primeiro, o início da renovação do Universo. “Tudo foi feito por meio dele e sem Ele nada foi feito de tudo o que existe” (Jo 1,3).  O hino de Paulo continua: Na Igreja Ele é a cabeça do corpo. Ele é princípio, o primogênito dentro os mortos. Tendo participado de nossa vida, Ele é o princípio de toda a renovação. Nele habita a plenitude da vida, por isso, em si pode realizar a reconciliação de todos os seres, realizando a paz pelo sangue da cruz. Por isso ao oferecer-Lhe um título de rei, que é frágil, queremos significar que O temos como o tudo de nossa vida. 
E roubou o Céu.
O homem que estava pregado com Jesus no Calvário tem o nome de Dimas, E é conhecido como o bom ladrão, conforme a tradição. Ele é figura que nos anima a encontrar em Cristo um tesouro a ser conquistado. Curioso é que ele o chama pelo nome: “Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres em teu reinado” (Lc 23,42). Reconhecer Jesus como rei é já entrar no seu reinado. O reinado de Cristo é o Paraíso. “Hoje mesmo estará comigo no paraíso” (43). Reconhecê-lo como rei é já criar um paraíso dentro de si, instituindo o novo céu e a nova terra. Dimas, na hora da morte, rouba o Paraíso, conquista a vida. Vemos que força tem o ato de fé em Jesus que restaura toda a vida. E conquista a vida plena, no reinado de Cristo. Declará-lo Rei é viver. No México, os mártires morriam gritando aos comunistas: ‘Viva Cristo Rei’! E o Céu, acolhendo-os gritava: ‘Viva com Ele’. Celebremos esta festa agradecendo o que Deus nos ofereceu este ano em Cristo.

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