Evangelho segundo S. Mateus 13,47-53.
Naquele
tempo, disse Jesus à multidão: «O Reino do Céu é ainda semelhante a uma rede que,
lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. Logo que ela se enche, os
pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e escolhem os bons para as
canastras, e os ruins, deitam-nos fora. Assim será no fim do mundo: sairão
os anjos e separarão os maus do meio dos justos, para os lançarem na
fornalha ardente: ali haverá choro e ranger de dentes.» «Compreendestes tudo
isto?» «Sim» responderam eles. Jesus disse-lhes, então: «Por isso, todo o
doutor da Lei instruído acerca do Reino do Céu é semelhante a um pai de família,
que tira coisas novas e velhas do seu tesouro.» Depois de terminar estas
parábolas, Jesus partiu dali.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da
Igreja
«A fé e as obras», caps. 3-5
Imitar a paciência do Senhor
Nosso Senhor foi um modelo incomparável de
paciência: aguentou um «demónio» entre os seus discípulos até à sua Paixão (Jo
6,70). Dizia Ele: «Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa, para que não
suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo» (cf Mt
13,29). Tendo a rede como símbolo da Igreja, predisse que esta traria para a
praia, quer dizer, até ao fim do mundo, toda a espécie de peixes, bons e maus. E
deu a conhecer de muitas outras maneiras, tanto abertamente como através de
parábolas, que haveria sempre essa mistura de bons e maus. E, no entanto,
afirmou que é necessário vigiar pela disciplina na Igreja quando disse: «Se o
teu irmão pecar, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te der ouvidos, terás
ganho o teu irmão» (Mt 18,15) […]
Mas hoje vemos pessoas que só
tomam em consideração os preceitos rigorosos, que mandam reprimir os que causam
perturbação, que ordenam que «não se dêem aos cães as coisas santas», que se
«tratem como aos publicanos» aqueles que desprezam a Igreja, que se repudiem do
seu corpo os membros escandalosos (Mt 7,6; 18,17; 5,30). O seu zelo intempestivo
causa muita tribulação à Igreja, porque desejariam arrancar o joio antes do
tempo e a sua cegueira faz deles próprios inimigos da unidade de Jesus Cristo.
[…]
Tomemos cuidado em não deixarmos entrar no nosso coração estes
pensamentos presunçosos, em não procurarmos destacar-nos dos pecadores para não
nos sujarmos com o seu contacto, em não tentarmos formar como que um rebanho de
discípulos puros e santos. Sob o pretexto de não frequentarmos os maus,
conseguiríamos apenas romper a unidade. Pelo contrário, recordemo-nos das
parábolas da Escritura, dessas palavras inspiradas, desses exemplos tocantes,
onde se nos demonstra que os maus estarão sempre misturados com os bons na
Igreja, até ao fim do mundo e até ao dia do juízo, sem que a sua participação
nos sacramentos seja prejudicial aos bons, desde que estes não participem dos
pecados daqueles.
http://www.evangelhoquotidiano.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário