Evangelho segundo S. João 20,1-2.11-18.
No primeiro
dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu
retirada a pedra que o tapava. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o
outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo
e não sabemos onde o puseram.» Maria estava junto ao túmulo, da parte de
fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, e
contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de
Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Perguntaram-lhe: «Mulher, porque
choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o
puseram.» Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava
conta que era Ele. E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem
procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se
foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico:
«Rabbuni!» que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois
ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para
o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.'» Maria
Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe
tinha dito.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra, doutor da Igreja
Tratado do amor de Deus, 5, 7
Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou […]:
«Rabbuni!»
Quem ama verdadeiramente, quase não tem
prazer senão na coisa amada. Assim, todas as coisas pareciam esterco ao glorioso
São Paulo, em comparação com o seu Salvador (Fil 3,8). E a esposa [do Cântico
dos Cânticos] é toda para o seu bem-amado: «O meu amado é meu e eu sou dele. […]
Vistes o amado da minha alma?» (2,16; 3,3) […]
A gloriosa amante
Madalena depara com os anjos no sepulcro, e estes ter-lhe-ão falado em tom
angélico, isto é, com suavidade, a fim de apaziguarem o tormento em que se
encontrava. Mas ela, chorosa, não encontrou consolo nem nas suas palavras doces,
nem no esplendor das suas vestes, nem na graça celeste do seu porte, nem na
beleza amável do seu rosto. Pelo contrário, lavada em lágrimas, dizia: «Levaram
o meu Senhor e não sei onde O puseram.» Voltando-se, viu o Salvador, mas sob o
aspecto de jardineiro, com o qual o seu coração não podia contentar-se. Porque,
cheia da morte do seu Senhor, não deseja flores, pelo que o jardineiro lhe é
indiferente; tem no coração a cruz, os cravos, os espinhos, e procura o seu
Crucificado: «Meu caro jardineiro, diz-lhe, se por acaso plantastes o meu
bem-amado Senhor trespassado, qual lírio amachucado e seco, entre as vossas
flores, dizei-me depressa, que eu irei buscá-Lo.»
Mas, quando Ele a
trata pelo nome, derretida de prazer, exclama: «Deus, meu Senhor!» […] E, para
melhor glorificar este soberano Bem-Amado, a alma «busca sempre a sua face» (Sl
104,4), ou seja, procura com atenção sempre mais cuidadosa e ardente conhecer
todas as particularidades das belezas e perfeições que há nele, progredindo
sempre nesta doce busca de motivos que a levem continuamente a deleitar-se
sempre mais na incompreensível beleza que ama.
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