segunda-feira, 30 de junho de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Reavivar a chama da fé”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A força da fé
            Jesus tem expressões que nos assustam mas nos estimulam. Os apóstolos pedem: “Senhor aumenta nossa fé!” Jesus responde: “Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ele vos obedeceria” (Lc 17,6). O grão de mostarda é semente pequena, mas produz uma arbusto grande. Pedimos para ter uma fé forte e poderosa. Jesus responde que a força da fé não se mede com forças humanas e visíveis. Mas sua força está na sua origem que é Deus. Sendo Seu dom, por menor que seja, ela tem toda a força e vida de Deus. Assim podemos dizer às montanhas “arranca-te e lança-te ao mar”! A partir desta reflexão podemos entender o texto que segue sobre o empregado que deve obedecer ao que é mandado. É o normal. A ordem dada à montanha de lançar-se ao mar e ela obedecer é normal. Basta ter fé. Mais difícil que remover montanhas é converter nosso coração. E nós conseguimos fazê-lo. O profeta Habacuc comenta que “o justo viverá por sua fé” (Hab 2,4). Nós que vivemos a fé podemos realizar milagres maiores que este. Este texto São Paulo o aplica a Abraão e a nossa fé (Rm 3,28 e 4,3). Vemos que pessoas abandonam a fé cristã por um nada que tenha acontecido como se Deus fosse o culpado. Veja como se vive a fé: Deus prometeu a Abraão coisas impossíveis, exigiu o impossível. Abraão creu e recebeu a recompensa da fé. Teve uma descendência imensa (Hb 11,12). É preciso ser como Moisés que “permaneceu firme como se visse o invisível” (Hb 11,27).
Brincando com fogo
            Paulo, na 2ª carta a Timóteo, escreve referindo-se ao dom que recebera: “Exorto-te a reavivar a chama do Dom de Deus que recebestes”. Este gesto de reavivar a chama, faz-nos lembrar a atitude de nossas avós e seus antepassados, desde sempre: ao terminar o dia, lembro-me de ter visto, a minha avó, a santa e querida Mãe Rita, cobrir as brasas com a cinza e no dia seguinte afastar as cinzas e soprar as brasas sob os gravetos e palhas para acender o fogo. É este gesto tão antigo e tão simbólico que Paulo usa para explicar como devemos fazer com o dom que recebemos. “Sopra as brasas”! Assim se reacende o fogo de nossa fé e dos demais dons que lhe dependem. Como descreve Habacuc, diante de toda a violência e desgraças é preciso a paciência da fé: “se demorar, espera, pois ela virá com certeza e não tardará” (Hab 2,3). Ninguém faz ninguém perder a fé. Podemos dizer que ninguém perde a fé se a tem, mesmo que a cubra com todas as cinzas da vida. Sopra que ele se reacende, pois é dom de Deus e está ligada a Ele. A gente até chega dizer que a pessoa não perdeu a fé, perdeu a vergonha. Ou perdeu a coragem de voltar a ser criança.
Guarda o depósito da fé.
            Paulo insiste com Timóteo, o jovem fundador de Igrejas: “Guarda o precioso depósito da fé, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”. Paulo lhe havia transmitido tantos conhecimentos sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Paulo está preso. Insiste que ele não se envergonhe de dar, com ousadia, testemunho de Jesus através de um espírito de fortaleza amor e sobriedade. Seguindo este caminho, soprando as brasas de nossa fé, podemos resistir aos embates que nos afligem.

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