PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
caminho é o guia ao caminhante.
Alguém perguntou a Jesus: “É verdade que são
poucos os que se salvam?” Jesus respondeu: “Fazei todo esforço para entrar pela
porta estreita, porque eu vos digo que muitos tentarão e não conseguirão” (Lc
13,24). Por que muitos não entram, se querem e tentam? Por que é estreita a
porta? Jesus responde: “Eu sou a porta” (Jo 10,9). Ele é a única brecha para se entrar no Reino.
Reino é domínio de Deus e Deus é amor. O
Reino é o amor de Deus instituindo-se como estrutura fundamental do mundo. É a
vida do Céu que se inaugura na terra. O caminho para viver o amor é o Evangelho.
É o único caminho. Eu sou o caminho, diz Jesus. Ele é o Evangelho que se
explica pelos Evangelhos. Torna-se difícil porque exige que Deus, através do
amor penetre nossa vida. Não basta ter tido uma convivência pessoal diante de
Jesus, mesmo em uma ceia íntima. É preciso passar pela porta estreita. Ela é a
passagem. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). O caminho estreito e a porta
apertada não indicam dificuldade. O próprio caminho, que é Jesus, conduz à
vida, ao Reino. É vivendo a fé em Jesus, como amor, que passamos pela porta estreita.
Sendo Jesus o caminho, este próprio caminho sempre conduzirá à vida, e enquanto
se caminha gera vida.
O
Senhor corrige a quem ama.
A carta aos Hebreus, tendo em vista este
caminho e esta porta estreita, propõe a educação e a correção que o Senhor faz.
“Não desanimes quando Ele te repreende, pois Ele corrige a quem ama e castiga a
quem O aceita como Senhor” (Hb 12,5-6). A correção não causa alegria, enquanto
está acontecendo, mas produz resultados. Esta correção de Deus se propõe de
tantos modos. Os castigos não são brutalidades que ofendem, mas são caminhos e
esforço constante de permanecer firmes no amor. Quando nos desviamos, o próprio
desvario já traz suas conseqüência. Cada um paga por onde peca (Rm 1,27).
Desviar-se do único caminho será sempre um risco que exige correção de rota,
revisão dos mapas da vida. Não podemos pensar que Deus nos castigue, à maneira
das pessoas, como uma vingança. As propostas de conversão, exigências de cortar
o mal, são benéficas e aí está a correção.
Reino
aberto a todos.
Este caminho estreito pode ser trilhado por
qualquer um e a porta estreita está aberta a quem quiser entrar. O profeta diz
(Is 66,20-21) que virão de muitos povos para fazer ofertas ao Senhor. E deles
serão escolhidos sacerdotes e levitas, o que sempre foi impossível ao povo de
Israel. Somente os descendentes da família de Aarão eram sacerdotes, e levitas
eram os pertencentes à tribo de Levi. Jesus diz também que “virão do Oriente e
do Oriente e tomarão lugar à mesa do Senhor” (Lc 13,29). É a participação
integral no novo povo. O Evangelho do Reino do amor pode ser vivido por todos.
Por mais que esta porta seja estreita, quem se corrige, venha de onde vier,
poderá entrar. Quem quer trilhar o caminho que é Jesus, o próprio caminho será
o guia do caminhante, ao passar pela porta estreita. Estreita, mas tem o
tamanho do coração de Deus.
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