Evangelho segundo S. Mateus 5,1-12.
Naquele
tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os
discípulos aproximaram-se d'Ele. Então tomou a palavra e começou a
ensiná-los, dizendo:
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino
do Céu.
Felizes os que choram, porque serão consolados.
Felizes os
mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes
os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que
sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem
todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.
Exultai e
alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim
perseguiram os profetas que vos precederam.»
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge
cisterciense
Sermão 1 para o dia de Todos os Santos ; SC 130
«Felizes os puros de coração»
«E sentando-Se, tomou a palavra.» Como eu
gostaria de me sentar com Jesus no monte, de me sentar a seus pés e receber a
sua doutrina! No meio da multidão, Ele está de pé, Ele anda, Ele age, Ele
cansa-Se, Ele é empurrado, pelo que não é possível, nem a Ele nem aos seus
discípulos, comer o pão da vida e da inteligência, beber a água da sabedoria
(Ecl 15,3), que se bebe com calma e que é extraída pelos que estão em paz,
porque o poço é fundo (Jo 4,11). […]
Assim, tomando a palavra para
Se dirigir ao coração de Jerusalém (Is 40,2), falando-lhe no deserto (Os 2,16),
isto é, no alto do monte, Ele disse: «Felizes os puros de coração». A própria
Bem-aventurança fala da felicidade; o voluntariamente Pobre, da Pobreza; o Rei,
do reino; o Consolador (Jo 14,16), da consolação; o verdadeiro Pão (Jo 6,35), da
saciedade; a própria Misericórdia, da misericórdia; a Pureza de coração, da
purificação do coração; a verdadeira Paz e o Filho por natureza, da pacificação
e da adoração filial. […]
«Felizes os puros de coração.» É com muita
sabedoria […] que Ele propõe a todos, antes de mais, que todos procurem. […]
Quem não gostaria de ser feliz? Porque se entregam os homens a lutas, a
actividades perniciosas, a humilhações infligidas e sofridas? Não é para
arrancar, de uma forma ou de outra, e como podem, aquilo que lhes parece, de
algum modo, conduzir à felicidade? […] É por isso que aquele que ensina todos os
homens […] começa por reconduzir ao bom caminho os que se desviam […]; aquele
que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6) começa assim: «Felizes os puros
de coração.»
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