Evangelho segundo S. João 17,20-26.
Naquele
tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e disse: Pai santo, não rogo só por eles,
mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para
que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim
eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória
que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu neles e Tu em
mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que
Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim. Pai, quero que onde Eu
estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a
minha glória, a glória que me deste, por me teres amado antes da criação do
mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas Eu conheci-te e estes
reconheceram que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e
continuarei a dar-te a conhecer, a fim de que o amor que me tiveste esteja neles
e Eu esteja neles também.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da
Igreja
Manuscrito autobiográfico C, 34-35
«Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu
me confiaste»
Gostaria de poder dizer-Vos, ó meu Deus:
«Glorifiquei-Vos sobre a terra; cumpri a obra que me confiastes; dei a conhecer
o vosso nome àqueles que me destes. Eles eram vossos e Vós mos destes. […] Meu
Pai, desejo que onde eu estiver, aí estejam comigo aqueles que me destes, e que
o mundo conheça que os amastes como Me amastes a Mim mesmo» (Jo 17, 4ss). Sim,
Senhor, eis o que gostaria de repetir convosco, antes de voar para os vossos
braços. Será temeridade? Ah, não! Há muito tempo que me permitistes ser
audaciosa convosco. Como o pai do filho pródigo, falando ao filho mais velho,
Vós dissestes-me: «Tudo o que é meu é teu» (Lc 15,31). As vossas palavras, ó
Jesus, são portanto minhas e posso servir-me delas para atrair sobre as almas
que estão unidas a mim os favores do Pai celeste. […]
O vosso amor
precedeu-me desde a minha infância, cresceu comigo, e agora é um abismo, cuja
profundidade não consigo sondar. O amor atrai o amor; por isso, meu Jesus, o meu
lança-se para Vós e quereria encher o abismo que o atrai mas, pobre de mim!, nem
chega a ser uma gota de orvalho perdida no oceano!… Para Vos amar como Vós me
amais, preciso de me servir do vosso próprio amor; só então encontro repouso. Ó
meu Jesus, é talvez uma ilusão, mas parece-me que não podeis cumular nenhuma
alma com mais amor do que cumulastes a minha. É por isso que ouso pedir-Vos que
ameis aqueles que me destes como me amastes a mim. Um dia, no céu, se descobrir
que os amais mais do que a mim, alegrar-me-ei com isso, reconhecendo desde já
que essas almas merecem o vosso amor muito mais do que a minha. Mas cá na terra,
não posso conceber maior imensidade de amor do que a que Vos dignastes
prodigar-me gratuitamente, sem nenhum mérito da minha parte.
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