quinta-feira, 1 de maio de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus foi elevado ao Céu”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Rompeu-se o véu do Céu.
A Ascensão de Jesus é a esquecida das festas do Senhor. Sinto que tenho muito que aprender sobre ela. Na realidade ela é o coroamento de toda a obra da pessoa do Filho pois nela a obra da redenção chega a sua meta: abrir ao universo a participação da divindade e a posse dos bens futuros. A oração da missa reza: “Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados, na esperança, a participar de sua glória”. Chamados a participar de sua glória significa que no corpo humano e divino do Filho de Deus, Jesus Cristo, nossa humanidade está no Céus. Na encarnação rompeu-se o Céu e divindade desceu, humilhou-se e Ele se fez homem. Nossa humanidade acolheu a divindade. No momento da morte de Cruz, rasgou-se o véu do templo (Lc 23,45). A pessoa humana, unida ao Cristo entra no “lugar sagrado” da divindade onde só era permitido ao sumo sacerdote entrar uma vez por ano. Na Ascensão rompeu-se o véu do Céu e o grande pastor de nossas almas leva-nos aos campos verdejantes (Sal 22). A cabeça do Corpo, Cristo, está gloriosa junto ao Pai. Nós, na esperança, já estamos nos céus.
Nasce a Liturgia.
Jesus Cristo é pastor, profeta e sacerdote. Como sacerdote, é o liturgo diante do Pai. Ele é o maior celebrante da glória do Pai. Ele é a liturgia. Em seu sacrifício da cruz e em sua entrada na glória, inaugura para nós a participação de seu sacerdócio. O culto a Deus é feito no sacerdócio de Cristo. Com o sacrifício da cruz, onde se entrega ao Pai, faz sua vontade que era abrir ao mundo os tesouros de seu amor e benignidade. Com sua Ascensão torna-se o Pontífice, isto é aquele que faz a ligação entre Deus e a humanidade. Ele é o culto ao Pai. Por isso dizemos na missa: “por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós,  Pai todo poderoso, toda honra e toda glória”. Deste culto participamos nós e assim a liturgia é aberta a todos. Nela recebemos a vida e vamos ao Pai em Espírito e Verdade. Com a Ascensão, celebramos com o Filho. No momento de uma celebração abre-se o Céu e somos em Cristo a Igreja que louva: Por isso dizemos: “unidos aos anjos e santos, e toda a milícia celeste aclamamos: Santo! Santo! Santo!...” A liturgia terrestre é transparência da liturgia celestes. E esta é seu conteúdo.
Viver subindo ao céu.
A oração de ação de graças da missa reza: “Ó Deus, que nos concedei conviver na terra com as realidades do céu, fazei que nossos corações se voltem para o alto, onde está junto de vós a nossa humanidade”. Na Páscoa ouvimos as mesmas palavras: “buscar as coisas do alto”. Os Anjos dizem: “Por que olhais para o céu” (At 1,11). Podemos entender no sentido que lhe dá a carta aos Efésios: “Que Ele abra o vosso coração à sua luz para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, e qual a riqueza da glória que está na vossa herança nos santos e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente” (Ef 1,18-19). Não temos os corações para o alto com saudades, mas com esperança de construir agora o Céu que já possuímos. 

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