PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Rompeu-se
o véu do Céu.
A Ascensão de Jesus é a esquecida das festas do
Senhor. Sinto que tenho muito que aprender sobre ela. Na realidade ela é o
coroamento de toda a obra da pessoa do Filho pois nela a obra da redenção chega
a sua meta: abrir ao universo a participação da divindade e a posse dos bens
futuros. A oração da missa reza: “Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação
de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados, na esperança, a
participar de sua glória”. Chamados a participar de sua glória significa que no
corpo humano e divino do Filho de Deus, Jesus Cristo, nossa humanidade está no
Céus. Na encarnação rompeu-se o Céu e divindade desceu, humilhou-se e Ele se
fez homem. Nossa humanidade acolheu a divindade. No momento da morte de Cruz,
rasgou-se o véu do templo (Lc 23,45). A pessoa humana, unida ao Cristo entra no
“lugar sagrado” da divindade onde só era permitido ao sumo sacerdote entrar uma
vez por ano. Na Ascensão rompeu-se o véu do Céu e o grande pastor de nossas
almas leva-nos aos campos verdejantes (Sal 22). A cabeça do Corpo, Cristo, está
gloriosa junto ao Pai. Nós, na esperança, já estamos nos céus.
Nasce
a Liturgia.
Jesus Cristo é pastor, profeta e sacerdote. Como
sacerdote, é o liturgo diante do Pai. Ele é o maior celebrante da glória do
Pai. Ele é a liturgia. Em seu sacrifício da cruz e em sua entrada na glória,
inaugura para nós a participação de seu sacerdócio. O culto a Deus é feito no
sacerdócio de Cristo. Com o sacrifício da cruz, onde se entrega ao Pai, faz sua
vontade que era abrir ao mundo os tesouros de seu amor e benignidade. Com sua
Ascensão torna-se o Pontífice, isto é aquele que faz a ligação entre Deus e a
humanidade. Ele é o culto ao Pai. Por isso dizemos na missa: “por Cristo, com
Cristo e em Cristo, a Vós, Pai todo
poderoso, toda honra e toda glória”. Deste culto participamos nós e assim a
liturgia é aberta a todos. Nela recebemos a vida e vamos ao Pai em Espírito e
Verdade. Com a Ascensão, celebramos com o Filho. No momento de uma celebração
abre-se o Céu e somos em Cristo a Igreja que louva: Por isso dizemos: “unidos
aos anjos e santos, e toda a milícia celeste aclamamos: Santo! Santo!
Santo!...” A liturgia terrestre é transparência da liturgia celestes. E esta é
seu conteúdo.
Viver
subindo ao céu.
A oração de ação de graças da missa reza: “Ó Deus,
que nos concedei conviver na terra com as realidades do céu, fazei que nossos
corações se voltem para o alto, onde está junto de vós a nossa humanidade”. Na
Páscoa ouvimos as mesmas palavras: “buscar as coisas do alto”. Os Anjos dizem:
“Por que olhais para o céu” (At 1,11). Podemos entender no sentido que lhe dá a
carta aos Efésios: “Que Ele abra o vosso coração à sua luz para que saibais
qual a esperança que o seu chamamento vos dá, e qual a riqueza da glória que
está na vossa herança nos santos e que imenso poder ele exerceu em favor de nós
que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente” (Ef 1,18-19). Não
temos os corações para o alto com saudades, mas com esperança de construir
agora o Céu que já possuímos.
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