PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A
fé dos pais.
“Fé é um modo de já possuir o que ainda se
espera, a certeza acerca de realidades que não se vêem” (Hb 11.1). Ao falarmos
de fé, é preciso distinguí-la do sentimento interior de piedade que, mesmo bom
e necessário, não significa ainda fé. Esta é uma convicção da inteligência, uma
adesão da vontade e um modo de viver direcionado por Aquele que no-la deu. Ela
nos dá um modo de viver, cada um de seu jeito, mas sempre fiel, mesmo sem ter a
agradável sensação da piedade e do sentimento. A Carta aos Hebreus nos traz um
belíssimo capítulo sobre a perseverança na fé (Hb 10,19-39). A seguir, no
capítulo 11,1-39, faz uma bela lista dos antepassados que, mesmo nas maiores
dificuldades, viveram sua fé e foram sustentados por ela. Foi pela fé que
tomaram atitudes que lhes justificam o título de patriarcas e pais na fé. O
versículo 38 narra: “Eles, dos quais o mundo não era digno, erravam pelos
desertos e montanhas, pelas grutas e cavernas da terra”. O sofrimento não lhes
abateu o ânimo, pois viviam da fé. “O justo vive da fé” (Rm 1,17; Hb 2,24).
Pela fé compreendemos as realidade que existem no mundo e que foram organizadas
pela Palavra de Deus” (Hb 11,1). Esta mesma fé dá ‘ao pequeno rebanho’, que é a
Igreja, a força e a coragem de não ter medo. Pela fé somos capazes de vigiar à
espera do Senhor, como nos ensina o Evangelho. Se não temos fé é vã nossa
esperança.
A
fé é um tesouro.
A fé leva-nos a adquirir um tesouro que é
pólo de atração de nosso coração: “Onde estiver vosso tesouro também aí estará
o vosso coração” (Lc 12,34). Este tesouro é o Reino de Deus que nos é aberto
pela fé. Por Ele, para adquiri-lo, vale vender tudo (Mt 13,44). O tesouro do
Reino não se estraga, não se acaba, não é roubado. A percepção de seu valor vem
pela fé. Pelo Reino somos capazes de dar tudo, até a própria vida. Mais que
perder a vida, a fé nos leva a empenhá-la cada dia para viver para este Reino.
A leitura do livro da Sabedoria assim proclama o resultado da fé: “Os piedosos
filhos dos bons ofereceram sacrifícios secretamente e, de comum acordo, fizeram
este divino pacto: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e
dos mesmos perigos” (Sab. 18,9). O tesouro da fé vale tudo o que se possa
passar pela vida. Lembro o martírio de 52 jovens seminaristas claretianos que,
quando iam para serem martirizados, iam cantando.
A
fé é uma responsabilidade.
Quando Jesus falou do servo fiel, os discípulos
perguntaram se Ele estava se referindo a eles. Responde Jesus “Feliz o servo a
quem o Senhor, ao voltar, encontrar vigiando. Em verdade vos digo que lhe
confiará a administração de todos os seus bens” (Lc 12,42-44). A quem muito foi
dado, muito mais será exigido. A fé é necessária, sobretudo para aquele que
serve o povo de Deus no ministério de pastor. Esta fé é de contínua exigência,
mesmo nos momentos mais difíceis, como a alta noite. É necessária esta atitude
de fé: crer e fazer viver a vigilância na Igreja.
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