Evangelho segundo S. Lucas 1,39-56.
Naqueles
dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade
da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel
ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou
cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que
venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos
a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que
acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» Maria disse, então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se
alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O
Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome. A sua
misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os
poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia.Como tinha prometido a nossos pais, a
Abraão e à sua descendência, para sempre.» Maria ficou com Isabel cerca de
três meses. Depois regressou a sua casa.
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Encíclica «Dives in
Misericordia» §9 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev.)
«A sua misericórdia se estende de geração em
geração»
«Cantarei eternamente as misericórdias do
senhor» (Sl 88,2). No cântico pascal da Igreja repercutem-se, com a plenitude do
seu conteúdo profético, as palavras que Maria pronunciou durante a visita que
fez a Isabel, esposa de Zacarias: «A sua misericórdia estende-se de geração em
geração». Tais palavras abrem, já desde o momento da Encarnação, uma nova
perspectiva da história da Salvação. Após a ressurreição de Cristo, esta nova
perspectiva passa para o plano histórico e, ao mesmo tempo, reveste-se de um
sentido escatológico novo. Desde então sucedem-se sempre novas gerações de
homens na imensa família humana, em dimensões sempres crescentes; sucedem-se
também novas gerações do Povo de Deus, assinaladas pelo sinal da Cruz e da
Ressurreição […], o mistério pascal de Cristo, revelação absoluta daquela
misericórdia que Maria proclamou à entrada da casa da sua parente. […]
Mãe do Crucificado […], Maria é aquela que conhece mais
profundamente o mistério da misericórdia divina. Conhece o seu preço e sabe
quanto é elevado. Neste sentido chamamos-lhe Mãe da misericórdia, Nossa Senhora
da Misericórdia […], capaz de descobrir, primeiro através dos complexos
acontecimentos de Israel, e depois daqueles que dizem respeito a cada um dos
homens e à humanidade inteira, a misericórdia da qual todos se tornam
participantes, segundo o eterno desígnio da Santíssima Trindade, «de geração em
geração». […]
Mãe do Crucificado e do Ressuscitado […], tendo
experimentado a misericórdia de um modo excepcional, «merece» igualmente tal
misericórdia durante toda a sua vida terrena e, de modo particular, aos pés da
cruz do Filho. […] Em seguida, através da participação escondida e, ao mesmo
tempo, incomparável na missão messiânica de seu Filho, foi chamada de modo
especial para tornar próximo dos homens o amor que o Filho tinha vindo revelar:
amor que encontra a sua mais concreta manifestação para com os que sofrem, os
pobres, os que estão privados de liberdade os cegos, os oprimidos e os
pecadores, conforme Cristo explicou (Lc 4,18; 7,22).
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