Evangelho segundo S. João 14,15-21.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se me tendes amor, cumprireis os meus
mandamentos, e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que
esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de
vós, e está em vós.» «Não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós! Ainda
um pouco e o mundo já não me verá; vós é que me vereis, pois Eu vivo e vós
também haveis de viver. Nesse dia, compreendereis que Eu estou no meu Pai, e
vós em mim, e Eu em vós. Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é
que me tem amor; e quem me tiver amor será amado por meu Pai, e Eu o amarei e
hei-de manifestar-me a ele.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Paulo VI (1897-1978), papa de 1963 a 1978
Audiência Geral de
1972/05/17
«O mundo não [O] pode receber, porque não O vê nem O conhece; vós é
que O conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós»
«O Espírito sopra onde quer», diz Jesus na
sua conversa com Nicodemos (Jo 3,8). Não podemos pois traçar, no plano doutrinal
e prático, normas restritas no que respeita à intervenção do Espírito Santo na
vida dos homens. Ele pode manifestar-Se nas formas mais livres e mais
inesperadas: «Ele brinca sobre a superfície da terra» (Prov 8,31). […] Mas, para
aqueles que querem captar as ondas sobrenaturais do Espírito Santo, há uma
regra, uma exigência que é habitualmente imposta: a vida interior. É dentro da
alma que se dá o encontro com este hóspede inexprimível, «doce hóspede da alma»,
como diz o maravilhoso hino litúrgico de Pentecostes. O homem torna-se «templo
do Espírito Santo», rediz São Paulo (1Cor 3,16; 6,19).
O homem de
hoje, e também o cristão, incluindo aqueles que são consagrados a Deus, tende a
secularizar-se. Mas não pode, não deve nunca esquecer esta exigência básica da
vida interior, se quer que a sua vida continue a ser cristã e animada pelo
Espírito Santo. O Pentecostes foi precedido por uma novena de recolhimento e de
oração. O silêncio interior é necessário para escutar a palavra de Deus, para
sentir sua presença, para ouvir o chamamento de Deus.
Hoje, o nosso
espírito está muito voltado para o exterior […]; não sabemos meditar, não
sabemos orar; não sabemos silenciar todo o barulho que fazem em nós os
interesses externos, as imagens, as disposições de ânimo. Não há no coração um
espaço tranquilo e sagrado para a chama do Pentecostes. […] A conclusão é óbvia:
temos de dar à vida interior o seu lugar próprio no programa da nossa vida, um
lugar privilegiado, silencioso, puro; temos de nos reencontrar para que o
Espírito vivificante e santificante possa habitar em nós.
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