Celebrando nossa preparação para a Páscoa
vivenciando o “sacramento da Quaresma”, conhecemos mais profundamente nossa
realidade diante da vida de Jesus, o Cristo sofredor e ressuscitado. No
primeiro domingo da Quaresma pudemos ver de perto a realidade chocante da
tentação e a possibilidade da vitória em Cristo. O quadro assustador que culmina com a
morte de Jesus na cruz e sua sepultura. Neste segundo domingo, muda-se o
quadro: Palavra de Deus apresenta o Cristo transfigurado. Ele é o Ressuscitado
vencedor, para o qual confluem a Lei e os Profetas, representados pelas grandes
figuras de Moisés e Elias. Estes grandes homens são a síntese do Antigo
Testamento. É um quadro animador. Jesus manifestou sua glória para que os
discípulos compreendessem melhor o sentido de sua morte e ressurreição.
Voltando o pensamento para nossa realidade, podemos entender que a tentação, e
mesmo o pecado, não são o fim, nem uma batalha perdida. Para Cristo a morte não
foi o fim, mas o caminho para a glorificação. Assim, em Cristo, temos o
fundamento de nossa fé. É nEle que se resolvem nossas fragilidades e nEle somos
transfigurados. No tempo da Quaresma, pelo processo de conversão, vamos nos
transfigurando sempre mais nAquele no qual fomos tentados e no qual vencemos,
como nos diz Santo Agostinho. O pecado não é um beco sem saída. Pode ser um
estímulo à maiores vitórias com Cristo.
Aliança que
transforma.
Jesus
é o mediador entre Deus e a humanidade. Ele realiza, em seu sangue derramado, a
nova aliança com Deus. Por esta aliança há um mútuo compromisso entre Deus e a
humanidade. Há grandes promessas de vida e felicidade que Deus nos oferece e,
de nossa parte a correspondência em ouvir o Filho, quer dizer, viver o
evangelho. Assim como o Corpo de Jesus foi todo transfigurado, há uma
transfiguração progressiva em nós que “transformará nosso corpo humilhado e o
tornará semelhante ao seu corpo glorificado” (Fil 3,21). Acontecerá conosco,
como aconteceu com as vítimas que Abraão coloca abertas em duas partes (Gn
15,5-18). Pelo meio delas passa Deus como uma tocha de fogo comprometendo-se,
como a dizer: aconteça comigo o que aconteceu com estes animais cortados ao
meio, se Eu não cumprir minha promessa. Deus é sempre fiel. Promete dar uma
terra ao seu povo. Cristo, passando como uma tocha ardente pelo fogo do
sofrimento, promete-nos uma terra diferente, que é o chão de Deus, pois seu sangue
é “sangue da nova e eterna aliança”. É uma promessa segura de vida
transfigurada.
Somos
cidadãos do Céu.
Paulo, na carta aos Filipenses convida os
cristãos a terem um procedimento de acordo com o evangelho da Cruz de Cristo,
não como seus inimigos. Na Transfiguração o Pai convida a ouvir o Filho. Ouvir
e viver um processo permanente de conversão e transfiguração, pois somos
cidadãos dos Céus. Ele nos transformará totalmente um dia, mas já começou este
processo no momento em que nós reafirmamos nossa aliança com Ele. Ele é o
fundamento de nossa fé.
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