quarta-feira, 5 de março de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Quarta-Feira de Cinzas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
1387. Caminho espiritual
             A celebração mais importante da Igreja é a Páscoa. Nela celebramos os mistérios centrais da vida de Cristo. Dizemos centrais, pois que a Páscoa penetra toda a atividade do cristão, tanto celebrativa como da vivência. Páscoa não é só uma festa, mas uma vida que acontece. As celebrações são Memória dos acontecimentos de sua Paixão e Ressurreição. Para bem viver este momento temos o tempo da Quaresma. Esta palavra significa 40 dias de preparação. Há muitas tradições a respeito. Cada tempo celebrou de um modo. Atualmente passa meio esquecida. Mas podemos fazer uma comparação como que está muito comum: como um treinamento esportivo tanto para saúde como para a disputa de jogos. É como fazer uma terapia de fortalecimento espiritual. O treinador é o próprio Jesus que nos dá as técnicas de Sua academia. Recebemos uma dieta própria para o organismo espiritual. Esta dieta é o jejum.  Antigamente era muito exigente. Não é parar de comer ou passar fome. É esvaziar-se das preocupações e dedicar-se ao único necessário. É preciso ser centrado. Tudo é bom, mas nem tudo aproveita naquele momento. É preciso selecionar. A terapia e o treinamento vão fundo no coração para colocar os pensamentos em ordem através da oração. É uma terapia completa que atinge todos os pontos frágeis de nosso espiritual. Como nosso corpo cria massas, tiramos os excessos de nosso interior. A esmola, ou a preocupação com os outros dá-nos um corpo espiritual bem formado que ajuda muito nosso corpo físico. À medida que em pensarmos nos outros, tiramos nossos excessos. Que adianta ter corpo sadio e bonito, se o interior, que o sustenta, não estive curado, sarado.
1388. Uma Igreja penitente
            A Quaresma não é somente um trabalho individual, mas de todo o corpo eclesial. Ela é vivida na comunidade como um todo. É toda a comunidade que se converte. Não há individualismo espiritual. Há sim o empenho de cada um para se unir ao corpo de Cristo e trabalhar para sua purificação naquilo que é humano, isto é, nossa parte. A Igreja toda deve ser penitente. A penitência não são sacrifícios impostos para fazer sofrer, mas atitudes de sair de si e pensar nos outros. Vivemos mais para as estruturas do que para a vida do Senhor que habita nela. Por isso Paulo insiste que Jesus quer tornar sua Igreja pura digna como esposa. A purificação se faz pela caridade que cobre a multidão dos pecados. Essa caridade não são alguns gestos ocasionais, mas uma atitude permanente de acolhimento e, mais ainda, como nos ensina Papa Francisco, ir buscar os que estão necessitados da graça e do pão. A maior política que se poderia fazer pelo mundo seria colocar a caridade em ato, precisamos de ações concretas e permanentes para dar vida a  rostos sofridos e que tem em nós a última esperança.
1389. A verdadeira alegria
            Toda forma de alegria é boa, desde que seja alegria, pois é impossível ser alegre sem o bem, a justiça e o amor. A penitência e o esforço quaresmal em preparação para a Páscoa terão como resultado a alegria da Ressurreição. “Os discípulos ficaram alegres por verem o Senhor”. As mulheres que viram o Senhor voltaram cheias de alegria para comunicar aos discípulos (Mt 28,8). Jesus dissera: “Vós agora estais tristes; mas eu voltarei a vos visitar, e vós enchereis de alegria, e ninguém vos tirará vossa alegria” (Jo 16,22). É a alegria da participação da vida do Ressuscitado. Preparando-nos para a Páscoa ela dará seus frutos em nossa vida e na vida do mundo, pois a Ressurreição do Senhor é um ato de Deus para todo Universo.

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