PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Consagrado para missão.
O povo de Deus estava
em ansiosa expectativa (Lc 3,15). O tempo do Natal é chamado tempo da Epifania,
isto é, manifestação do Senhor. A revelação de Jesus se dá em diversas
manifestações. Como diz a epístola aos Hebreus: “Muitas vêzes e de muitos modos
Deus falou, outrora, aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os
últimos, falou-nos por meio de seu Filho” (Hb 1,1-2). O Filho se manifesta e
esta manifestação se dá de diversos modos e com destinação diferente:
Encontramos a primeira manifestação aos pastores, os primeiros e os
privilegiados. Depois se manifesta a todos os povos nas pessoas dos Magos. No
seu batismo revela-se a todo o povo de Israel. A seguir se faz conhecer pelos
discípulos nas bodas de Cana, como lemos no domingo após o batismo de Jesus.
Este caleidoscópio de manifestações visa sempre mostrar de onde Ele veio e para
que missão veio. Veio como luz para todos os povos, primeiro para seu povo.
Veio como Palavra do Pai. É Palavra que discerne, orienta e atrai a uma
transformação de purificação profunda, como uma mudança de água em vinho. Esta mudança
acontece através da aceitação fiel de sua pessoa, pois todos os que crêem,
terão a vida eterna. Os Magos voltam por outro caminho. A conversão é sempre
uma mudança de caminho.
Batismo de
água e fogo.
O batismo de Jesus não é o nosso
batismo. Ele foi batizado e ungido pelo Espírito para uma missão. Nosso batismo
é para nossa inserção em Cristo e com a Crisma recebemos a missão. Jesus ao
descer às águas, santifica-as para nosso batismo. Em Cristo, há o germe da nova
humanidade. João Batista diz que Ele batizará com á água e o fogo. Na verdade,
os apóstolos receberam o Espírito sob forma de língua de fogo que purifica e dá
a centelha de Deus. O rito do batismo da água é o momento em que, como Jesus,
somos lavados e nos é dada a vida divina que é o fogo que queima e não se
consome, como vemos em Êxodo, aparição a Moisés (Ex 3,2). Deus Pai fala da
nuvem e diz “Tu és meu Filho Amado”. Esta filiação torna-se também a nossa, e
com a característica de amor. Todo batizado é filho amado. Tem em si a cintila
de Deus.
Navegando
em águas profundas
Neste
ano que terminou tivemos o Ano Vocacional a partir da nota batismal. É bom
recordar o óbvio, mas, se prestarmos atenção, o batismo ficou lá no início de
nossa vida. Mas ele é como a vida que temos todos os dias. Vivemos todo os dias
a vida divina, temos o Espírito recebido no Batismo, exercemos a fraternidade.
A oração pós-comunhão reza: “Dai-nos a graça de ouvir fielmente vosso Filho
amado, para que, chamados filhos de Deus, nós o sejamos de fato”. Para que
realizemos este programa, temos que ser “ungidos” como Jesus, pois assim
saberemos, como proclama a primeira leitura de Isaias 42,6: “eu te formei e te
constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os
olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas
trevas”. Ser “ungido” não é ter dons especiais, mas fazer o que Jesus fazia, o
que já é muito especial. Neste caso navegamos na água profunda de nossa
filiação e divinização
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