Evangelho segundo S. Lucas 5,27-32.
Naquele
tempo, Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado no posto de
cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.» E ele, deixando tudo, levantou-se e
seguiu-o. Levi ofereceu-lhe, em sua casa, um grande banquete; e
encontravam-se com eles, à mesa, grande número de cobradores de impostos e de
outras pessoas. Os fariseus e os doutores da Lei murmuravam, dizendo aos
discípulos: «Porque comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os
pecadores?» Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Não são os que têm saúde
que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu
vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores.»
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Juliana de Norwich (1342-depois de
1416), mística inglesa
Revelações do Amor Divino, cap. 51-52
Deus mostrou-Se-me como Senhor sentado em
toda a sua soberania, em paz e mansidão; com doçura enviou o seu servo para
fazer a sua vontade. Por amor, o servo correu a toda a pressa, mas caiu numa
ravina e ficou ferido com gravidade. […] Com este servo, Deus mostrou-me, tanto
o mal e a cegueira provocados pela queda de Adão, como a sabedoria e a bondade
do Filho de Deus. Com este Senhor, Deus mostrou-me, tanto a sua compaixão e a
sua misericórdia pela infelicidade de Adão, como a alta nobreza e a glória
infinita às quais foi elevada a humanidade com a Paixão e morte de seu Filho.
Por essa razão, rejubila o Senhor com a sua própria queda [a vinda a este mundo
e a sua Paixão], porque o género humano alcançou desse modo uma plenitude de
felicidade e de exaltação que ultrapassam por certo a que teria alcançado se
Adão não tivesse caído. […]
Temos, portanto, razões para nos
afligirmos, uma vez que os nossos pecados foram a causa dos sofrimentos de
Cristo, mas temos também todas as razões para rejubilarmos, porque foi o seu
amor infinito que O fez sofrer por nós. […] E se acontecer que o mal e a
cegueira nos façam cair, ergamo-nos prontamente sob o suave toque da graça e
corrijamos de bom grado a nossa conduta segundo nos ensina a Santa Igreja,
conforme a gravidade do pecado. Avancemos para Deus na caridade, sem nunca cair
no desespero, mas também sem sermos temerários como se isso não tivesse
importância. Reconheçamos francamente a nossa fraqueza, com a consciência de
que, a não ser que a sua graça nos guarde, nem sequer a oportunidade de um abrir
e fechar de olhos teremos. […]
Razão tem por conseguinte o Senhor em
querer que nos retratemos e, com toda a sinceridade e verdade, tenhamos bem
presente a nossa queda e todo o mal que dela resulta, conscientes de que não
somos capazes de repará-lo; e que tenhamos igualmente presente, com toda a
sinceridade e verdade, o seu amor eterno e a sua abundante misericórdia.
Reconhecermos isto com toda a humildade por obra da sua graça é a humilde
confissão que o Senhor nos pede e que opera na nossa alma.
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